O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), convocou uma reunião para a próxima segunda-feira, 27, com objetivo de tentar “enterrar” a Comissão antes de ela ser instalada. Dos 199 deputados que apoiaram a criação da Comissão, 120 são da base aliada, sendo que o PMDB ajudou com 52 assinaturas.
Em razão de a CPI já ter sido protocolada na Mesa Diretora da Câmara, não há mais a possibilidade de retirada das assinaturas. Para o governo impedir a criação da comissão, que ainda deve aguardar uma fila com 15 outros pedidos, é preciso que o governo consiga convencer pelo menos 100 dos 199 deputados a assinarem outro requerimento pedindo o fim da CPI.
“Nunca vi, em nenhum país do planeta, a base aliada assinar uma CPI. Quero ter uma conversa franca para ouvir dos líderes o que eles querem”, disse Chinaglia ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Questionado se tinha recebido orientação do Palácio do Planalto nesse sentido, o petista foi enfático: “Eu vou trabalhar (contra a CPI)”.
Segundo o Broadcast apurou, alguns deputados da base receberam nesta sexta-feira ligações da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, perguntando se tinham assinado o requerimento para criação da CPI. “Ligaram pedindo a confirmação. Acho que entendi o recado”, disse um integrante do PMDB, sob condição de sigilo. Segundo ele, apesar de o líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), não ter assinado o requerimento de criação da Comissão, os deputados que foram ao gabinete do líder esta semana foram orientados a dar apoio à iniciativa.
Cunha negou que o pedido de criação da CPI seja uma retaliação ao governo federal. “Não há nenhum gesto deliberado” disse ele, na tarde desta sexta. “Estão superfaturando a minha atuação”, rebateu o líder.