Chefões da corrupção na Assembleia estão presos

O Grupo de Atuação contra o Crime Organizado (Gaeco), composto por membros do Ministério Público do Estado e polícias Civil e Militar, prendeu ontem três ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná. Estão presos Abib Miguel (ex-diretor geral), José Ary Nassiff (ex-diretor administrativo) e Cláudio Marques da Silva (ex-diretor de pessoal).

Outros sete mandados de prisão temporária foram cumpridos contra João Leal de Matos, servidor da diretoria-geral da Assembleia Legislativa, e seis parentes dele. Entre eles estão as agricultoras Jermina Maria Leal da Silva e Vanilda Leal, que apareciam na lista de funcionários da Casa, mas dizem que nunca trabalharam lá.

Em contas com os nomes das duas foram depositados R$ 1,6 milhão em cinco anos. Os outros parentes de Leal de Matos presos são Iara Rosana (esposa), Maria José (sogra), Nair Teresinha e Priscila Matos. Os mandados de prisão temporária foram emitidos pelo juiz designado Aldemar Sternadt, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba.

Os policiais que fizeram parte da operação também cumpriram dez mandados de busca e apreensão. Eles encontraram uma garagem no bairro Seminário, em Curitiba, onde estão 73 veículos de propriedade de Abib Miguel, que admitiu ter como apresentar a documentação de cada um.

Alguns são automóveis de coleção. O galpão está registrado em nome de uma pessoa vinculada a Miguel, mas que não teve a identidade revelada. Os policiais também apreenderam aproximadamente R$ 250 mil em espécie.

Cerca de R$ 200 mil foram encontrados na casa de Silva e o restante com Miguel. Na casa do ex-diretor de pessoal da Assembleia foram recolhidas seis armas sem registro e munição de uso restrito. Silva também foi preso em flagrante por posse ilegal de armas.

A partir de agora, o Gaeco realiza a apuração do material e análise documental, para a sequência da investigação para a acusação formal. “São todas prisões temporárias, de cinco dias, que podem ser renovadas por mais cinco”, explica Leonir Batisti, coordenador estadual do Gaeco.

Dependendo das investigações, podem ser transformadas em prisões preventivas. De acordo com ele, os presos podem ser denunciados por formação de quadrilha e peculato. Ainda há evidências de falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.

Sobre a prisão das agricultoras, Batisti disse que elas realmente nunca trabalharam na Assembleia, mas ainda não se sabe qual o grau de adesão das duas no esquema.

Existe a desconfiança porque nos depoimentos elas preferiram não falar absolutamente nada. “Embora elas possam ter sido usadas, de boa fé elas não estão até este momento”, considera.

As duas estão construindo uma casa em Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba, onde moram. As agricultoras são pobres e a casa de alvenaria é pequena. No entanto, significaria uma elevação de padrão, segundo o coordenador do Gaeco. Ele ainda revelou que o silêncio imperou em outros depoimentos de envolvidos.

“Existe uma estranha lealdade, porque todos eles dizem que preferem manter o silêncio. Isto ainda está sendo apurado mais concretamente”, conta Batisti. Após os depoimentos na sede do Gaeco, os policiais encaminharam os presos para o Centro de Triagem II, com exceção de Abib Miguel e José Ary Nassiff, que têm direito a prisão especial. Abib e Nassiff estão detidos no quartel da Policia Militar.

Nota

A Mesa Executiva da Assembleia Legislativa manifestou-se ontem mesmo em nota oficial, mas sem comentar diretamente as prisões dos ex-diretores da Casa. Assinada pela diretoria de Comunicação, a nota destaca que a colaboração da Assembleia foi importante para que o Ministério Público Estadual pudesse dar andamento às investigações.

“A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná tem colaborado incansavelmente com to,das as investigações em andamento no Ministério Público. Todos os pedidos de informação e entrega de documentos foram atendidos antes do prazo determinado” ressaltou a nota oficial.

Sem citar nomes ou se referir aos ex-diretores, a nota afirma que decisões da Justiça tem que ser respeitadas, acatadas e cumpridas. “A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná continuará cumprindo seu papel e colaborando com as investigações”, destacou a nota. (colaborou Elizabete Castro)

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