A capital argentina foi o cenário ontem de dois encontros antagônicos. Enquanto no Hotel Hilton transcorria a reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) – que se encerra hoje com debates sobre liberdade de imprensa na região, com a presença de mais de 500 editores de quase todos os países das Américas -, a Embaixada da Venezuela realizava a “contrarreunião” da SIP, o denominado Primeiro Encontro Internacional de Meios e Democracia na América Latina. O evento preparado por ordem direta do presidente venezuelano Hugo Chávez teve o patrocínio da Secretaria de Cultura da Argentina.
Um dos principais conferencistas da “contrarreunião” foi o autor da polêmica Lei de Mídia argentina, Gabriel Mariotto, interventor do Comitê Federal de Radiodifusão (Comfer). Mariotto denominou a rival reunião da SIP de “coro desaforado de dinossauros que tenta deslegitimar” a Lei de Mídia. Aprovado recentemente no Parlamento argentino no meio de denúncias de compra de votos pelo governo Kirchner, o dispositivo implica drástica redução da ação dos grupos de mídia.
Entre os vários pontos do polêmico pacote que regula a atuação de imprensa está a revisão das licenças a cada dois anos. Além disso, nas cidades de mais de 500 mil habitantes, elas serão concedidas de forma direta pelo governo, sem necessidade de licitação.