O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou nesta quarta-feira que o então presidente Luiz Inácio Lula não se envolveu na operação que visava renegociar a parceria que a estatal tinha com a Astra Oil, a antiga sócia da Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos). Segundo Cerveró, dirigentes da Petrobras, incluindo o ex-presidente da companhia Sérgio Gabrielli, aproveitaram uma visita de Lula a Copenhague, na Dinamarca, para conversar com a cúpula da Astra Oil.

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“Não houve nenhum envolvimento do presidente Lula neste assunto. Até porque não cabia”, afirmou o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, ao fim do depoimento, que durou cerca de cinco horas e meia, a três comissões da Câmara. A tentativa de acordo com a antiga sócia em Pasadena foi frustrada e o caso teve de ser objeto de uma arbitragem internacional.

Cerveró rebateu a afirmação feita pelo deputado José Stédile (PSB-RS) de que poderia ser acusado de ato de improbidade ou de crime de prevaricação ou de ocultação de documentos no caso da compra pela estatal de parte da Refinaria de Pasadena, no Texas. “Eu não posso admitir porque eu não fui acusado de improbidade. A minha apresentação e o meu depoimento deixam isso bem claro”, disse Cerveró.

Ele disse que a preocupação dele com o depoimento foi trazer os fatos técnicos e análises que embasaram o investimento em Pasadena. Segundo o ex-diretor da Área Internacional, não é justo dizer que o projeto não foi bom porque não foi integralmente realizado. “Não foi (realizado) em função da nova realidade do mercado brasileiro”, afirmou. Cervero citou que a mudança de rumo da estatal decorreu dos investimentos que ela faria para desenvolver o pré-sal.

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Compra

Ele também afirmou que não sabe precisar o prazo em que os documentos que embasaram a compra da Refinaria de Pasadena chegaram ao Conselho de Administração da companhia. Cerveró rebateu o próprio advogado, Edson Ribeiro, que, em entrevista, disse que os papéis chegaram com 15 dias de antecedência ao conselho.

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Segundo o ex-diretor da Petrobras, o advogado prestou a informação de maneira geral. Cerveró disse que foi vítima de uma “agressão” da imprensa ao lembrar que, quando tal notícia foi veiculada, estava em viagem ao exterior. O ex-diretor não quis responder diretamente se a presidente Dilma Rousseff tinha razão ao não ter recebido as informações em tempo hábil.

Cerveró disse que foi indicado para ocupar o cargo na estatal por sua “competência”. Ele evitou falar sobre indicação política para a Petrobras. “Eu acho que, sinceramente, houve uma desconsideração. Eu tenho 39 anos de Petrobras, sou um técnico formado nesta área”, afirmou ele, ao considerar “profundamente injusto” as insinuações de que foi nomeado para o posto por indicação política.