Ao votar pelo recebimento da denúncia que coloca o senador Valdir Raupp (PMDB/RO) no banco dos réus da Operação Lava Jato, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou para o que chamou de “profana aliança entre determinados setores do Poder Público, de um lado, e agentes empresariais, de outro”.
Raupp virou réu da Lava Jato na sessão da última terça-feira, 7, da Segunda Turma do STF. Segundo a Procuradoria da República ele teria recebido R$ 500 mil da empreiteira Queiroz Galvão para sua campanha ao Senado em 2010. O dinheiro, supõem os investigadores, saiu do esquema de propinas que vigorou na Petrobras entre 2004 e 2014. Para a Procuradoria-Geral da República, Raupp recebeu propina disfarçada de doação eleitoral.
Em seu voto, Celso de Mello alertou que a Lava Jato revela a ação de “um imoral sodalício com o objetivo perverso e ilícito de cometer uma pluralidade de delitos gravemente vulneradores do ordenamento jurídico instituído pelo Estado brasileiro”.
Na avaliação do decano da Corte, as descobertas da Lava Jato “compõem um vasto e ousado painel revelador do assalto e da tentativa de captura do Estado e de suas instituições por uma organização criminosa, identificável, em ambos os contextos, por elementos que são comuns tanto ao ‘Petrolão’ quanto ao ‘Mensalão’.”