A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado rejeitou hoje pedido do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) para que o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, participasse de audiência para explicar as denúncias contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O promotor acusa o petista de ter desviado R$ 100 milhões da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para caixa 2 do partido.
O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), orientou a base aliada a votar contra o requerimento do senador tucano. O pedido foi vencido por dez votos a nove. Jucá argumentou que a CCJ não poderia ser usada como “palanque eleitoral” e ressaltou que a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou ontem a instalação da CPI da Bancoop, que investigará o caso.
Sem citar nomes, Jucá também ressaltou que a base aliada não tentou trazer para o Senado as crises políticas estaduais nem tentou convocar “governadores da oposição”, provavelmente se referindo ao governador afastado do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), preso pela Polícia Federal (PF) e citado em inquérito como chefe de um esquema de corrupção no governo do DF.
Alvaro Dias também apresentou ontem requerimento que pede ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de uma auditoria nas contas dos fundos de pensão Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Fundação dos Economiários Federais (Funcef) e Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), para investigar a aplicação de recursos destas entidades na Bancoop. O pedido precisa ser aprovado pelo plenário do Senado antes de ser encaminhado ao TCU.
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo revela que investigação comandada por José Carlos Blat aponta desvios da ordem de R$ 100 milhões da Bancoop. Blat está convencido de que uma fatia do montante foi destinada a campanhas eleitorais do PT – ele não aponta valores exatos que teriam tomado esse rumo porque, alega, depende de investigações complementares.
Na sexta-feira, o promotor pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal de João Vaccari Neto, que presidiu a cooperativa até fevereiro, quando deixou o cargo para assumir o posto de tesoureiro do PT. Também foi pedida uma devassa nos investimentos de dois ex-diretores da entidade, Ana Maria Érnica e Tomás Edson Botelho Fraga. O promotor quer o bloqueio das contas da Bancoop.