Sob o codinome “Maçaranduba”, o senador Ivo Cassol (PP-RO) recebeu R$ 2 milhões da Odebrecht pelo apoio ao projeto da hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho, de acordo com o delator Henrique Serrano do Prado Valadares. O delator afirmou em depoimento que autorizou o pagamento para Cassol porque, quando governador, “ele era um garoto propaganda da Odebrecht, sem que a gente pedisse nada para ele”.

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Valadares contou à Procuradoria que o ex-secretário de Planejamento de Rondônia, João Carlos Gonçalves Ribeiro, também pediu “uma ajuda de R$ 1 milhão” da construtora. “Ele era um cara que entrava nos detalhes das coisas e ajudava a destravar e dar a agilidade que a gente precisava para cumprir os prazos. Dependia de muitas providências por parte do Estado, de licenças e permissões. O João Carlos ajudou muito nisso como secretário de Planejamento do Ivo Cassol”, disse.

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O departamento de propinas da Odebrecht registrou João Carlos sob o pseudônimo “Dallas”. Os pagamentos feitos para ambos foram solicitados a Eduardo Melo Pinto, presidente da Santo Antônio Energia S/A (Saesa), concessionária que administra a usina. O dinheiro era proveniente de caixa dois gerado ao longo da obra.

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Em outra ocasião, a construtora pagou despesas de Cassol com advogados. A conta foi assumida pelo ex-diretor de contratos da Saesa, José Bonifácio Pinto Júnior. “Ele [Cassol] tem um monte de processos nas costas. Um deles, recentemente, causou o afastamento dele. Então pagamos também”, explicou Valadares, que afirmou não saber o valor do pagamento ou quem eram os advogados em questão.

De acordo com o delator, o ex-governador teve, ainda, uma viagem para Nova York bancada pelo caixa dois da hidrelétrica de Santo Antônio. Identificado na planilha do departamento de propinas como “New York”, o pagamento foi feito para “custear uma viagem do governador Ivo Cassol, provavelmente com a mulher”, relatou Valadares.

Outros políticos de Rondônia também foram citados na delação. Valdir Raupp, senador pelo PMDB-RO, recebeu dinheiro em forma de contribuição para campanha eleitoral por ser um político importante no Estado. O relator não soube dizer qual o valor pago a ele.

Roberto Sobrinho (PT-RO), ex-prefeito de Porto Velho, era o “Ariquemes” na lista de pagamentos ilícitos. Quem recebia o dinheiro destinado a ele era Odair Cordeiro, homem de confiança de Sobrinho, de acordo com Valadares.

Também está na lista o irmão do senador, Assis Raupp (PMDB-MT), ex-vereador de Porto Velho e ex-prefeito de Colniza, no Mato Grosso. Assis teve seu mandato como prefeito cassado em 2016. Para a Odebrecht, ele era o “São Francisco” e recebeu propina por um depósito feito na conta de uma mulher, cujo nome Valadares diz desconhecer.

Valter Araújo, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, foi registrado como “Árabe” na planilha. O delator citou ainda um pagamento feito ao codinome “Anjo”, que explicou ser “alguém do entorno do Ivo Cassol, mas não conseguimos identificar”.

Em nota, Cassol afirmou que a citação ao nome dele é uma “retaliação” por ter sido contra a isenção de impostos dada aos consórcios que construíram as usinas de Jirau e Santo Antônio. “Não só entendo que é o dever da Justiça investigar e fiscalizar os políticos, como é meu dever também lembrar que fui o único parlamentar que denunciou formalmente a isenção fiscal para as usinas do Rio Madeira em 2011”, afirmou, em nota. Segundo ele, o prejuízo ao Estado foi estimado em R$ 1 bilhão.

A defesa do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), representada pelo criminalista Daniel Gerber, informa que o senador contesta mais uma vez a falsidade das alegações que fazem contra si, se colocando à disposição do poder judiciário para os esclarecimentos cabíveis.