O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, atacou tanto os sem-terra quanto os ruralistas, críticos do programa de reforma agrária do governo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na edição de hoje, ele disse que as bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão esvaziadas e acusou líderes ruralistas de supervalorizarem o debate da reforma para fugirem de temas como trabalho escravo e desmatamento ilegal.

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Enquanto o MST vê lentidão na criação de assentamentos, os ruralistas acusam o governo de ser leniente com os invasores de terras. Líderes ruralistas também acusam o governo de manter fora da reforma um estoque de terras desapropriadas, por falta de recursos para assentar as famílias. Para o ministro, a acusação dos ruralistas “é uma tentativa de confundir tudo”.

“O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) mantém um fluxo permanente de localização de terras improdutivas e a sua desapropriação, quando consideradas necessárias para a reforma. Elas não passam, porém, diretamente para as mãos do Incra. Em quase 95% dos casos enfrentam pendências, ora porque os proprietários recorrem à Justiça, ora porque órgãos do meio ambiente fazem interpelações”, afirmou.

Cassel disse que o setor “supervaloriza o tema da reforma agrária” para desviar o foco da discussão de temas como trabalho escravo, desmatamento ilegal, envenenamento das lavouras e das águas. “A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) também teme a questão da produtividade das terras. Ao ver que a reforma agrária acontece e avança sobre o latifúndio, teme que terras improdutivas sejam desapropriadas. Reage como um órgão de classe.”

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‘Pauta genérica’

Sobre as críticas do MST, Cassel afirma que no passado “os movimentos envolvidos no ‘Abril Vermelho’ tinham pautas bem específicas”. “Hoje ela é uma pauta genérica, a agilização da reforma. Por que ocorre isso? Porque a reforma agrária andou, causando o esvaziamento da pauta.” De acordo com ele, o governo Luiz Inácio Lula da Silva assentou 580 mil famílias em sete anos, “o que representa 60% de tudo foi feito na história da reforma agrária no País”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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