O deputado estadual Major Olímpio (PDT) anunciou que investigará o processo de licitação que levou a Assembleia Legislativa paulista a assinar um contrato milionário para a digitalização do acervo da TV Alesp. Ele fez um requerimento formal à Mesa Diretora para obter acesso ao documento após a publicação, na segunda-feira, de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrando que o escândalo de Campinas (SP) pode extrapolar a esfera regional, já que o Ministério Público (MP) vai investigar os publicitários Armando Peralta Barbosa e Giovane Favieri, que têm ligações com o PT e com o governo federal.
Favieri, acusado de participar de um suposto desvio de R$ 30 milhões do governo de Mato Grosso do Sul, é dono da Rentalcine, a empresa que venceu a licitação na Assembleia, em setembro do ano passado. O Legislativo paulista vai pagar à empresa R$ 7,6 milhões pelo trabalho. “Se a encrenca extrapola Campinas e está dentro da Assembleia, eu seria no mínimo omisso se não fizesse nada”, afirmou Olímpio. “Me causou surpresa esse empresário estar prestando serviços à Casa e ser objeto de outras investigações.”
O deputado pretende averiguar quais são as empresas que participaram, quem são seus donos, se o preço pago está dentro do preço de mercado e como funcionou o processo de licitação. Sob condição de anonimato, três funcionários da Assembleia disseram à reportagem desconfiar de que a licitação tenha sido um jogo de cartas marcadas.
Outro lado
O Departamento de Comunicação da Assembleia Legislativa, responsável pela licitação, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, em nota, que “a licitação e a contratação cumpriram todos os requisitos e exigências legais”. Segundo a Casa, o preço pago à empresa pela digitalização do acervo está abaixo do preço de mercado. “O pregoeiro solicitou pesquisa de mercado, em que quatro empresas apresentaram orçamentos cujo valor médio apontado foi de R$ 9,3 milhões. O total do contrato (com a Rentalcine) é de até R$ 7,6 milhões.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.