Beto Richa (PSDB) e Fernanda Richa (PSDB) são acusados pelo Grupo de Combate Especial ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de terem se beneficiado de valores de propina da organização criminosa montada em torno do programa Patrulha do Campo, do governo estadual. Além disso, a ex-secretária da Família e Desenvolvimento Social teria realizado lavagem desses valores ilícitos porque “é responsável pela área imobiliária da família”, de acordo com o colaborador e ex-deputado estadual Tony Garcia, que delatou o suposto esquema ao Ministério Público.
O casal foi preso nesta terça-feira (11) por decisão do juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba. A acusação aponta ainda envolvimento do representante da família, Dirceu Pupo, também preso, por meio de transações envolvendo a compra e venda de bens imóveis realizados em nome de empresas dos Richa.
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Na decisão de prisão, Fischer afirma que a Ocaporã Administradora de Bens Ltda., cuja responsável é Fernanda Richa, adquiriu o lote nº 18, situado no condomínio Paysage Beau Rivage, mediante permuta com dois terrenos localizados no Alphaville Graciosa, ocultando-se em torno de R$ 900 mil. Tal negociação teve como representantes Dirceu Pupo e André Vieira Richa, sócio da empresa e filho do casal.
A escritura pública de permuta foi firmada entre a J.V. Consultoria e Participações Ltda e a Ocaporã. O documento não cita repasses em dinheiro. Segundo o Ministério Público, a área do terreno do condomínio de luxo em Santa Felicidade supera em mais de 800 metros quadrados a soma dos outros dois lotes do Alphaville. “Enquanto, de um lado, terrenos no Alphaville estão anunciados por R$ 590 mil, por outro, o valor mais baixo encontrado para um terreno localizado no condomínio Paysage Beau Rivage foi de R$ 2,7 milhões”.
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De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério Público no sistema Infoseg, constatou-se que, embora o nome de Beto Richa figure em duas empresas, seus familiares mais próximos, em especial Fernanda, participam de diversas outras, notadamente do ramo imobiliário. Os promotores listam a BFMAR Participações S/A, Ocaporã Administradora de Bens Ltda e HP Administradora de Bens e Participações Ltda.
““Da análise dos dados das pessoas jurídicas acima descritas observou-se que o responsável pela HP é Dirceu Pupo. Além disso, em relação à BFMAR e Ocaporã, apesar de constar a própria Fernanda Richa como responsável, o e-mail cadastrado em todas é dirceuferreira.x@gmail.com”, afirmam os promotores.
Ainda de acordo com a denúncia, “a sistemática de aquisição de imóveis de valores distintos através de simples permuta, omitindo dos registros formais os pagamentos realizados em dinheiro, em quantias consideráveis, não parece ter sido isolada por parte da família Richa”. Segundo Tony Garcia, houve pelo menos outra negociação de vulto na qual teria sido ocultado o pagamento de R$ 1,7 milhões em dinheiro para aquisição de diversas salas comerciais em Curitiba.
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Delação de Tony Garcia sustenta denúncia
As informações que constam nos trechos usados pelo Ministério foram prestadas por Tony Garcia. Em depoimento aos promotores do Gaeco ao longo das investigações, ele afirmou que Beto citou que sua família investia no ramo imobiliário e que em uma oportunidade o tucano falou que queria comprar um terreno no condomínio de residências em Santa Felicidade que a empresa da família de Tony Garcia era sócia (junto com a empresa Paysage).
A compra se efetivou no lote nº 18 no condomínio. O colaborador disse que o próprio ex-governador que o procurou para conseguir um preço menor do lote e que quem apareceu para operacionalizar a compra foi uma pessoa “de cabelo branco”, cujo nome não se recordava. Mas tarde os promotores chegaram ao nome de Dirceu Pupo, representante de Fernanda Richa.
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