As razões da desarticulação da base do governo na Assembléia Legislativa e a recomposição das forças aliadas ao Palácio Iguaçu é o tema de uma reunião-jantar que o novo chefe da Casa Civil, Rafael Iataro está convocando para amanhã, dia 10, em Curitiba, com os deputados estaduais alinhados ao governador Roberto Requião (PMDB). Além do PMDB, foram convidados deputados do PT, PSDB, PTB e outros partidos que estão rachados entre oposição e governo.
Iatauro, que começou na função há uma semana, disse que pretende ter um diagnóstico da situação e entender os motivos que levam o governo a sofrer sucessivas derrotas no plenário da Assembléia Legislativa, que manteve vetos do governador e não conseguiu impedir a aprovação, em primeira discussão, da emenda constitucional que proíbe o nepotismo, apresentada pelo deputado Tadeu Veneri (PT), com o apoio de outros 25 deputados. O governo queria a aprovação de uma versão da proposta, enviada pelo Palácio Iguaçu.
"Este é um ano de risco e nós temos que buscar saber quais são as queixas e resolver. A Assembléia Legislativa é o pulmão por onde o governo respira. Temos que descobrir o que está acontecendo e solucionar", afirmou o secretário da Casa Civil. Iatauro disse que ainda precisa conhecer melhor alguns deputados para melhorar o diálogo. "Todos me conhecem. Mas nem todos conversam comigo freqüentemente. Alguns já são amigos mais antigos. Outros ainda não", disse.
Carinho
Numericamente, o governo tem uma certa folga nas votações. A base aliada, conforme os cálculos do líder do governo, oscila entre 30 e 33 deputados. São votos suficientes para aprovar ou rejeitar projetos. Mas a falta de unidade fragilizou a bancada governista que, a cada votação, rompe a margem de segurança do Palácio Iguaçu.
Antes mesmo de assumir o cargo, Iatauro já teve uma noção das dificuldades para o governo na Assembléia Legislativa. Ele atuou na votação da indicação do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas. Apesar de ser um ex-deputado e ter trânsito fácil na Casa, Pessuti só conseguiu ganhar no primeiro turno pela margem de um voto. "Se fosse para o segundo turno, ia ficar difícil", analisou Iatauro.
Para o secretário da Casa Civil, a fase de transição do secretariado contribuiu para a agravar a situação. "Não é culpa do Caíto e nem minha. Estava havendo uma mudança e ficou um intervalo", afirmou. Ele entrou no lugar de Caíto Quintana, que reassumiu sua cadeira de deputado estadual para disputar as eleições.
Iatauro está preocupado com o futuro bem próximo. Em junho, quando forem definidas as candidaturas à sucessão estadual, o governo deverá perder aliados entre os partidos que irão se alinhar a candidatos ao governo, adversários do governador. "Dificilmente, as coisas vão caminhar como agora. Mas acho que tudo isso, é possível conversar. Não tenho dificuldade em falar a verdade com as pessoas. Às vezes, machuca na hora que fala. A pessoa fica chateada, mas se você for sincero, não vira adversário", comentou o secretário, já prevendo as dificuldades que terá quando chegar a campanha eleitoral.