O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta segunda-feira que suas reiteradas ofertas de ajuda ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, propondo maior parceria na área da segurança pública, não têm qualquer ligação com candidatura. “Tudo indica que o candidato do PT ao governo de São Paulo será o ministro da Saúde, Alexandre Padilha”, afirmou Cardozo ao Grupo Estado.

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“Eu digo e repito: não sou candidato à sucessão de Alckmin e esses boatos só atrapalham o debate sobre os problemas da segurança. Lamentavelmente, alguns parecem não querer que ocorra a necessária integração entre governo federal e Estados.”

Desde que Cardozo acusou Alckmin, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, de estar “politizando” a segurança, o tiroteio entre o PT e o PSDB aumentou, tendo como pano de fundo a campanha ao Palácio dos Bandeirantes, em 2014. No contra-ataque, o secretário da Segurança, Fernando Grella, disse que Cardozo estava “equivocado” ao apontar o dedo para Alckmin e muitos tucanos viram interesses eleitorais nas declarações do petista.

O tom aumentou, porém, depois que o ministro falou em “excessos” da Polícia Militar no confronto com manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de transporte, na quinta-feira, 13. O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e provável candidato ao Palácio do Planalto, disse que Cardozo estava usando o episódio “para se promover”. “Há um descaso com a segurança pública por parte do governo federal”, comentou Aécio. “Hoje, 87% dos recursos com segurança no Brasil vêm dos cofres estaduais e municipais. Apenas 13% vêm da União.”

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Cardozo rebateu e afirmou que o Ministério da Justiça tem apresentado gastos “crescentes” com segurança. “A eles têm se somado as despesas com a segurança de grandes eventos, que chegam a R$ 1,8 bilhão. Esses gastos foram feitos não só pensando nos grandes eventos, mas também no legado que ficará para a sociedade. Os 12 Estados que serão sede da Copa vão receber centros de comando e controle de alta tecnologia. Trata-se de um grande salto em segurança pública no País”, insistiu o ministro.

Para Cardozo, as críticas de Aécio e de outros tucanos a seu comportamento têm o objetivo de “projetar o problema para o plano eleitoral”. Pesquisas que chegaram ao Palácio do Planalto indicam o ministro da Justiça com 5% das intenções de voto para governador de São Paulo. Se as eleições fossem hoje, ele teria dois pontos à frente de Alexandre Padilha, que alcançou 3%.

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O PT ainda não escolheu o candidato à sucessão de Alckmin, que concorrerá à reeleição, mas o favorito no partido ainda é Padilha. Cardozo integra a corrente petista “Mensagem ao Partido”, a mesma do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que não têm maioria no PT.

A dúvida do Planalto sobre o lançamento de Padilha reside no fato de ele não ter conseguido, até hoje, deixar uma marca na saúde. Pior: a área é uma das campeãs de reclamação no governo. “Agora, há uma tentativa da oposição de transformar os problemas da segurança pública em disputa política, inclusive usando dados distorcidos sobre gastos”, argumentou Cardozo. “Não sei quantas vezes vou ter de dizer que não sou candidato.”

Contrariado com o que definiu como “especulações”, Cardozo afirmou que um ministro da Justiça “não pode se omitir nem deixar de responder a críticas infundadas”. Questionado sobre o funcionamento da Agência de Atuação Integrada, da qual participam as polícias federal, rodoviária, civil e militar, além do Ministério Público, o ministro disse que a parceria com São Paulo poderia ser muito mais sólida.

“Depois de um longo embate em que São Paulo se recusava a receber nossa ajuda, essa agência está funcionando, mas ainda é muito aquém da possibilidade total de integração”, comentou Cardozo. O ministro fez questão de destacar que, ao recriminar o “abuso policial” nas manifestações contra o aumento das tarifas de transporte, cumprimentou Grella por ter aberto sindicância para apurar os fatos. “Ninguém aqui está torcendo para o quanto pior, melhor”.

Vaias

Em sintonia com o Palácio do Planalto, Cardozo também procurou minimizar as vaias recebidas pela presidente Dilma Rousseff, no sábado, durante cerimônia de abertura da Copa das Confederações, em Brasília. “Foi uma situação absolutamente normal para campo de futebol, que não reflete a opinião das pessoas sobre o governo. Mesmo com essa ‘quedinha’ de oito pontos registrada no Datafolha, a aprovação da presidente ainda é espetacular”, resumiu o ministro da Justiça.