A Polícia Federal recebeu do gabinete do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, o documento do ex-executivo da Siemens Everton Rheinheimer que relata corrupção no cartel dos trens e cita propina a políticos ligados ao governo tucano em São Paulo. A informação é da assessoria do ministro que, no entanto, não revelou quem entregou o documento ao gabinete de Cardozo.
A assessoria observou que é comum o ministro receber documentos, “às vezes de pessoas que se identificam, às vezes de pessoas que não se identificam”. O encaminhamento da denúncia à Polícia Federal é medida corriqueira, informou o gabinete do ministro da Justiça.
O relatório com as denúncias foi enviado pelo delegado Braulio Cezar da Silva Galloni, coordenador geral de Polícia Fazendária da Polícia Federal em Brasília, para a PF em São Paulo, onde é conduzido o inquérito do caso Siemens – multinacional alemã que em 22 de maio fechou acordo com o Conselho Administrativo de defesa Econômica (Cade) para detalhar a ação do cartel no setor metroferroviário de governos do PSDB em São Paulo, no período entre 1998 e 2008.
No memorando 98/2013, de 11 de junho, o delegado Bráulio Galloni diz que recebeu a denúncia “via Cade”. O Estado revelou o conteúdo das acusações na quinta-feira, 21. No mesmo dia, o Cade afirmou que não fez esse encaminhamento à PF.
Nesta sexta feira, 22, o Ministério da Justiça informou que partiu da própria Pasta o envio do relatório do ex-executivo da Siemens à PF.
No relatório enviado no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ex-executivo da Siemens, Everton Rheinheimer, afirma dispor de “documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”.
No documento, o ex-diretor da empresa alemã disse que o hoje secretário da Casa Civil do governo Alckmin, deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi apontado pelo lobista Arthur Teixeira como recebedor de propina das multinacionais suspeitas de participar do cartel de trens na capital paulista entre 1998 e 2008. O deputado Arnaldo Jardim (PPS), ligado aos tucanos paulistas, também é citado como beneficiário.
Rheinheimer cita outros políticos no relatório, incluindo mais secretários de Alckmin. A Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), José Aníbal (Energia), deputado licenciado do PSDB, e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), deputado licenciado do DEM, é atribuído um “estreito relacionamento” com Teixeira, diretor-presidente da Procint e apontado como intermediário de propinas pagas pelo cartel. O ex-diretor afirma ainda que o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) também seria próximo de Teixeira. Todos os citados negam as acusações.