O governador Roberto Requião afirmou ontem que não aprecia a idéia de lançar um candidato do PMDB à Presidência da República sem uma definição bastante clara de um programa de governo. "Nós começamos, até por estímulo meu, a fazer um debate nacional que resultaria num texto programático que seria o argumento para o lançamento de um candidato. Mas isso parou", disse Requião, em entrevista ao jornalista Carlos Nascimento, durante a estréia da Bandnews FM em Curitiba.
O governador explicou que foram realizadas reuniões para discutir um programa de governo em vários estados – como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo – porém, depois disso, a direção nacional não promoveu mais nenhum encontro. "Então, lançar um candidato para quê? Para quem? Para que tipo de solução da política econômica? Com que mudanças, muito claras, que o PMDB pretende lançar um candidato? Esse processo está congelado", afirmou. Requião lembrou que há uma decisão interna do partido de lançar um candidato próprio à presidência. Ele espera que o processo de construção de programa possa ser deflagrado com mais força agora, no início deste ano.
Requião disse que não viu a entrevista que o presidente Lula deu ao Fantástico, porém, ao responder sobre a atuação do governo federal, comentou que o problema maior está na condução da política econômica. "Eu acho que o problema fundamental é o estrago que se faz ao Brasil na condução da política econômica. Esta paralisação da economia brasileira, a estagnação que nós estamos vivendo. E esta visão extremamente conservadora e monetarista da condução da política econômica. O estrago maior está aí."
Para o governador, a corrupção denunciada pela imprensa realmente é um problema de polícia, que deve ser resolvido pelo Ministério Público e pelo próprio Congresso Nacional. "É um problema sério, mas é um problema pequeno diante do estrago da condução da política econômica do Brasil. E dessa responsabilidade o Lula não pode fugir porque ele apóia abertamente a política do Palocci", avalia.
Economia energética
O governador afirmou também que a energia elétrica produzida no Estado é a mais barata do País e que os incentivos fiscais concedidos pelo governo estadual vão estimular, em 2006, novos investimentos no Paraná. Para Requião, as áreas de grande futuro no Estado são as que têm o uso intensivo de energia elétrica e as que estão ligadas ao agronegócio. "Nós somos os grandes produtores nacionais de energia elétrica. O Paraná estimula muito hoje a produção de alimentos. Estimula a pequena e média propriedade rural, a agroecologia, a diversificação das culturas." Requião citou que o Paraná tem 213 mil empresas registradas – "150 mil, que são as micro empresas, estão isentas de imposto e um número muito grande tem faixas de tributação de 2%, 3% e 4%, ao invés dos 18%".
O governador lembrou ainda que 38% da produção de alimentos no Estado vem de pequenas e médias propriedades e "são esses mesmos 38% produzidos que vão para a mesa dos paranaenses e dos brasileiros. Porque o resto, a grande produção, são as commodities que servem para a exportação".