Petistas mais próximos ao governador Roberto Requião, como os deputados estaduais Angelo Vanhoni e Natálio Stica, disseram ontem, que a candidatura própria do partido ao governo é irreversível e que não implica afastamento do PMDB.
Vanhoni afirmou que o lançamento de um candidato ao governo no próximo ano é uma questão de sobrevivência para seu partido que, em 2002, elegeu a maior bancada da Assembléia Legislativa, com nove deputados, mas que está sendo alvo de previsões pessimistas para 2006 por parte de adversários e até de aliados.
Para Vanhoni, diante da atual crise política desencadeada por denúncias de financiamento irregular de campanha no partido e compra de apoio no Congresso Nacional, o PT tem duas tarefas no próximo ano. A primeira é se reconstruir como partido, abalado pelo bombardeio do PFL e PSDB, e a outra é defender o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A campanha eleitoral do próximo ano é vital para que o partido possa reconquistar a confiança da população, disse.
"Grande parte da população perdeu a confiança no PT e nós precisamos que seja restabelecida", afirmou o deputado. Para Vanhoni, uma candidatura ao governo vai permitir que o PT esclareça que erros foram cometidos, mas por alguns. "E não por toda a estrutura do partido", afirmou o deputado. Vanhoni acredita que o candidato do partido, o escolhido pelo grupo que está no comando estadual do partido é o senador Flávio Arns, terá que funcionar como um âncora da candidatura presidencial e também "reconectar" o partido com a sociedade.
Aliado certo
Stica e Vanhoni foram líderes do governo Requião na Assembléia Legislativa. Para Stica, o partido precisa "renascer" e a única saída é disputar a eleição do próximo ano com uma chapa majoritária própria. Stica avalia, que somente um nome do próprio partido tem as condições para oferecer a reação ao previsível ataque dos adversários na campanha eleitoral de 2006.
O lançamento de um candidato do PT não traz nenhum prejuízo ao PMDB, analisou. Stica acha que separar os palanques no primeiro turno pode até fazer bem para o PMDB. "Se o PT não passar para o segundo turno, o PMDB terá o apoio integral do nosso partido. Nós precisamos aprender com os erros. No ano passado, o PMDB veio rachado apoiar a candidatura do Vanhoni à Prefeitura de Curitiba, porque uma parte queria candidatura própria no primeiro turno. Agora, cada um sai com a sua candidatura. E o Requião pode ter a segurança de que se for o PMDB a ir ao segundo turno, o PT irá inteiro com ele, ao contrário do que aconteceu com o PMDB na eleição de Curitiba", declarou.
Nos próximos dias 11 e 12, o PT realiza um encontro estadual em Curitiba, onde a direção estadual pretende apresentar uma chapa majoritária de consenso, para evitar as disputas internas. Além de Arns para disputar o governo, a direção estadual está propondo a candidatura da diretora financeira da Usina de Itaipu, Gleisi Hoffmann, para concorrer ao Senado. Para Arns, ainda não apareceu nenhum concorrente interno. Mas a candidatura ao Senado já está sendo postulada pela deputada federal Clair Martins.