Candidatura de Dilma deve crescer mais, dizem analistas

A virtual candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República está em ritmo ascendente e deve continuar a crescer, avaliam cientistas políticos consultados pela Agência Estado. Para eles, a pesquisa Ibope/Diário do Comércio encomendada pela Associação Comercial de São Paulo indica que a petista ainda não atingiu um teto e ainda deve ser beneficiada pelos altos índices de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No levantamento, Dilma aparece com 25% das intenções de voto, atrás do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com 36%.

“Ainda acho que Dilma está aquém do que deveria estar, diante da superexposição a que está sendo submetida. Seria até estranho se ela não crescesse. É um resultado mais do que esperado”, afirmou o cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente.

Para o analista de pesquisa eleitoral Sidney Kuntz, a ministra deve se beneficiar também do fato de que 34% dos entrevistados na pesquisa querem a total continuidade do governo e 29% almejam pequenas mudanças com continuidade. Dantas corrobora a opinião, destacando que 78% dos consultados confiam no presidente Lula.

“Na hora em que a campanha começar e o presidente aparecer pedindo votos para Dilma, as intenções de voto devem aumentar ainda mais.” Na avaliação de Kuntz, a pesquisa indica que o timing de José Serra está no limite, ou seja, ele tem que dizer se é ou não candidato. “Se a vantagem entre ele e Dilma continuar a cair, vai ficar difícil para o tucano iniciar uma campanha com competitividade”, reiterou.

Kuntz disse também que Serra já foi candidato à Presidência e é mais conhecido do que Dilma, e caso não haja uma definição do candidato tucano a vantagem da petista poderá se acentuar nas próximas pesquisas. “Além de entrar no cenário, Serra não poderá perder tempo para indicar o seu vice.”

Dantas ponderou que Dilma e Serra estão em situações opostas. Enquanto a petista precisa se expor porque não é tão conhecida pelo eleitor, Serra tem a vantagem de já ter concorrido ao cargo. “Serra não precisa aparecer, ele já lidera as intenções de voto”, afirmou. Porém, para o cientista político, a dificuldade do PSDB será emplacar um discurso convincente como oposição tendo em vista os altos índices de aprovação de Lula e de seu governo.

O conselheiro do Movimento Voto Consciente questionou também a linha de campanha indicada pelo Instituto Teotônio Vilela, do PSDB. “Herança maldita é bom caminho quando inteligível. Nesse caso, falar sobre o déficit das contas externas é muito complicado para o cidadão comum, que tem emprego e consegue comprar seus bens. Essa herança maldita é de inteligibilidade difícil e acho que não vai colar”, opinou.

Na avaliação dele, o desejo de continuidade do eleitor mostra um cenário eleitoral no qual os tucanos irão enfrentar uma campanha dificílima.

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