A sobrevivência da candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) traduzirá a medida exata da confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no potencial eleitoral da candidata petista e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Dirigentes do PSB e o próprio Ciro não têm dúvidas: Lula só permitirá outra candidatura da base governista se estiver totalmente seguro da força de Dilma para chegar ao segundo turno.
Nesse cenário de indefinição que se arrastará até março, Ciro ingressa 2010 contabilizando a vitória pessoal de se manter competitivo como terceiro colocado na corrida sucessória, mas sem muito a comemorar. A esperança dos aliados de Ciro no PSB é que Dilma dispare nas pesquisas eleitorais em fevereiro e março, para que Lula mude de ideia sobre a conveniência da candidatura socialista.
“Nós entendemos que Lula se fixou na tese da candidatura única para dar o impulso inicial de que Dilma precisava. Mas ele pode mudar”, prevê o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), na expectativa de que o presidente passe a estimular a alternativa Ciro, pela desenvoltura dele no confronto direto com o tucano José Serra, poupando a petista. Rollemberg acredita que Ciro “topa” ser candidato em qualquer circunstância.
Antes, porém, terá de remover obstáculos dentro do próprio partido. Não bastasse o veto do Planalto, o pré-candidato tem de enfrentar a resistência do PSB, que até agora não fez um único movimento institucional para tirá-lo do isolamento, conquistando aliados. O drama de Ciro é que, ou sua candidatura é lançada com a bênção da direção partidária, ou morrerá, porque ele não tem força política para fazer o enfrentamento interno.