Candidatura de Bertoldi gera crise interna no PFL

O pré-lançamento da candidatura do vereador Osmar Bertoldi à Prefeitura de Curitiba, que aconteceu segunda-feira à noite, no buffet Ilha do Mehl, gerou uma crise no PFL. Os deputados estaduais boicotaram o evento, que teve como maiores estrelas o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, e sua mulher, Marina.

O líder da bancada de oposição na Assembléia Legislativa, deputado Durval Amaral, criticou a forma como o nome de Bertoldi foi imposto por um setor do partido, estimulando um confronto com o PSDB, principal aliado do PFL em Curitiba, que tem uma candidatura posta: a do vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa.

Amaral disse que não se trata de uma rejeição à tese da candidatura própria dentro do partido, mas de evitar o rompimento com os tucanos e ainda de avaliar qual a alternativa eleitoralmente mais interessante para os dois partidos: “A decisão tem que ocorrer após amplas pesquisas de viabilidade eleitoral. O momento é de somar forças e a oposição aos governos estadual e federal deve estar unida em torno de uma candidatura forte a prefeito em Curitiba”.

Para Amaral, a posição da bancada deve ser levada em consideração pela direção do partido. De acordo com o deputado, o que está em jogo, além da disputa pela prefeitura de Curitiba, é o futuro eleitoral do grupo na disputa pelo governo em 2006. Amaral observou ainda que Beto Richa tem um residual de votos referente a sua participação na sucessão estadual em 2002, o que confere ao tucano uma vantagem em relação ao pefelista.

O líder da bancada na Casa, deputado Plauto Miró, acrescentou que o assunto ainda vai merecer uma reunião dos próprios parlamentares que, na seqüência, vão solicitar um encontro com a direção estadual e a direção municipal do PFL. Uma coisa é certa: a bancada vai levar ao partido sua posição, totalmente contrária a que o PFL construa sua candidatura com ações agressivas contra a candidaura tucana.

O presidente do diretório regional, deputado Abelardo Lupion, estranhou a postura dos parlamentares. Disse que conversou com Amaral e Élio Rusch anteontem e foi informado de que não compareceriam porque estavam impossibilitados de fazê-lo: “Na verdade, a sucessão em Curitiba é uma questão mais afeta à executiva municipal. De qualquer forma, se a bancada estadual tem alguma divergência, o foro ideal para discuti-la teria sido a reunião de ontem. Se eles desejam conversar, estou aberto a isso e vou esperar que entrem em contato comigo”.

Lupion é defensor entusiasta da candidatura de Bertoldi: “Devemos parar de ser caudatários de terceiros”, disse, numa referência a alianças anteriores com o PSDB. Quanto a ser mais ou menos crítico em relação ao candidato Beto Richa, ponderou que vai depender do próprio andamento da campanha: “O que vai definir nossa postura é o nível de críticas e ataques que vamos receber. Neste momento não achgo que devemos nos preocupar com segundo turno. Vamos jogar tudo para vencer no primeiro turno com Osmar Bertoldi”.

Vereador confirma indicação

Já investido na condição de pré-candidato a prefeito de Curitiba com as graças da Prefeitura e boa parte do PFL, o vereador Osmar Bertoldi confirmou na tarde de ontem, durante coletiva na Câmara Municipal, a condição de postulante com pleno apoio do prefeito Cassio Taniguchi (PFL). A decisão foi tomada durante jantar promovido pela cúpula partidária na segunda-feira: “No jantar meu nome foi aceito por unanimidade. Minha candidatura já vinha sendo cogitada desde que fui convidado pelo Aberlardo Lupion (presidente regional do PFL) para ingressar no partido”, contou

Sobre as resistências de deputados do PSDB e do próprio PFL a sua candidatura ou à forma como ela está sendo colocada, o vereador não teme a possibilidade de um racha na aliança que vigorou na eleição passada: “É legítimo os partidos terem candidatura própria. Não há porque ter mágoas”, ponderou.

Com relação às pesquisas, onde ainda não aparece, manifestou confiança: “Pesquisa não ganha eleição, senão o Taniguchi não seria prefeito e o Requião não seria governador. Venho com propostas e um plano de governo revolucionário, que irá primar pela excelência que é referência na cidade”, prometeu o pré-candidato pefelista.

Taniguchi “rouba” cena

O prefeito Cassio Taniguchi (PFL) e sua mulher Marina foram as estrelas principais do jantar promovido pelos diretórios estadual e municipal do partido para confirmar o lançamento da pré-candidatura do vereador Osmar Bertoldi a prefeito, anteontem à noite, no buffet Ilha do Mehl. Participaram do evento, além dos deputados federais Abelardo Lupion e Eduardo Sciarra, a bancada de vereadores na Câmara Municipal e todo o secretariado do prefeito.

O primeiro a falar foi Pedro Lupion, presidente do PFL jovem. Em seguida falou o decano, ex-deputado Joaquim dos Santos Filho, Marina Taniguchi, o pré-candidato e, finalmente, o prefeito, que hipotecou integral apoio à postulação de seu partido. O apoio a Bertoldi, aliás, foi a tônica de todos os discursos.

Desde segunda-feira o PFL está gravando os programas que vão ao ar a partir do dia 1.º de março no horário gratuíto do TRE. Além da participação dos deputados federais e estaduais e do presidente do diretório regional, Abelardo Lupion, está prevista a estréia de Bertoldi em rede de rádio e televisão, já na condição de pré-candidato.

Traiano pede rompimento

As divergências entre os antigos aliados PFL e PSDB, agravadas esta semana com a formalização da pré-candidatura do vereador Osmar Bertoldi à sucessão de Cassio Taniguchi (PFL), provocaram a emissão de uma nota pelo líder tucano na Assembléia Legislativa, deputado Ademar Traiano, onde ele propõe o rompimento com o PFL e a reavaliação das alianças entre as duas siglas inclusive no interior do Estado. “O Cassio e o PFL escolheram seu candidato à revelia dos partidos aliados e nós, do PSDB, damos isso como fato consumado.”

A nota de Traiano colocou mais lenha na fogueira ateada com a ausência da bancada estadual do PFL no evento que marcou o lançamento de Bertoldi, segunda-feira à noite. O primeiro vice-presidente do PSDB e presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão, minimizou os efeitos da pendenga: “O PSDB não está, no momento, preocupado com o apoio do PFL”, observou categórico. Os tucanos estão mais empenhados, na verdade, em ampliar os bons índices de Beto nas pesquisas de intenções de voto na capital.

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