Na estreia no segundo turno do horário eleitoral em rádio e na TV, ontem, os candidatos à Presidência Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) praticamente ignoraram a apresentação de propostas e se concentraram em ataques mútuos.
O petista relacionou casos de agressões e violência a apoiadores de Bolsonaro. O programa do candidato do PSL reforçou as críticas ao PT, citou os regimes de Cuba e Venezuela e, em determinado trecho, fez um paralelo entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, com “chefes do tráfico”.
No segundo turno, os dois candidatos terão direito a metade dos 20 minutos diários – divididos em dois blocos de 10 minutos – de propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Para Bolsonaro e Haddad, os cinco minutos em cada bloco representam um tempo maior do que o disponível no primeiro turno. Enquanto o petista tinha direito a cerca de dois minutos e meio, a etapa final da disputa presidencial representa praticamente a estreia do capitão reformado no horário eleitoral. Durante o primeiro turno, o candidato do PSL tinha apenas 8 segundos de cada bloco de 12 minutos.
Até a votação em segundo turno, no dia 28, serão 13 dias do chamado palanque eletrônico.
O programa do PSL investiu fortemente no discurso antipetista. Na narração, frases como “vermelho jamais foi a cor da esperança, é sinal de alerta para o que não queremos no País” e “PT nunca mais”. O programa comparou ainda o Brasil com Venezuela e Cuba, e citou a criação do Foro de São Paulo como “a semente de um projeto de doutrinação”.
O vídeo exibiu depoimentos de apoiadores em que são feitas duras críticas a Haddad e a Lula, que é chamado de “presidiário” e chega a ser comparado com “chefe de tráfico”.
“A maioria dos chefes do tráfico comanda o morro através da prisão. Haddad vai ser só um bonequinho e o Lula vai ser o cabeça de tudo”, diz um apoiador. “Acho um absurdo um presidiário, que se está preso, é tão bandido quanto qualquer outro”, afirma uma apoiadora.
O programa aproveita para apresentar Bolsonaro e repete o vídeo em que o candidato do PSL, criticado por já ter dito que sua única filha – ele tem outros quatro filhos homens – era resultado de “uma fraquejada”. No trecho em que fala da menina, Bolsonaro se emociona.
Onda. O programa de Haddad começa com uma narradora anunciando que uma “onda de violência tomou conta do Brasil” e conta os casos que surgiram durante a semana, como o assassinato de um mestre de capoeira na Bahia, eleitor petista.
“Este é o Brasil de Bolsonaro. Se a violência já chegou neste nível, imagina se ele fosse presidente”, diz a narradora. Em seguida, o candidato petista dizendo que quer “um País de paz” e que “a nossa luta (de sua campanha) é por democracia, que é e sempre será o melhor caminho”.
A peça exibiu a imagem de Bolsonaro empunhando um tripé de uma câmera de TV, em que simula uma metralhadora. A cena ocorreu no Acre, no início de setembro. Na ocasião, após o gesto, o candidato do PSL disse que “fuzilaria a petralhada”.
Haddad também tenta se descolar do sentimento antipetista quando diz que “essa campanha não é de um partido, é de todos que querem mudar pra melhor nosso País”.
O programa já incorporou as cores verde e amarelo e não se diz mais que “Haddad é Lula”. A figura do ex-presidente só aparece em discurso elogioso ao ex-prefeito, quando diz que “em 500 anos de Brasil, nunca tivemos alguém com a capacidade do Haddad para fazer o que foi feito pra educação neste País”.
30 segundos. Nos cinco minutos exibidos nos dois blocos da propaganda eleitoral do PT, as propostas aparecem em apenas 30 segundos, quando são citadas a proposta de criação de um ensino médio federal e promessas genéricas: “emprego de novo”, salário mínimo forte” e outras. Na peça de Bolsonaro, nenhuma proposta foi exibida.
O programa de rádio e de TV dos dois candidatos manteve o mesmo tom. A única diferença foi a ausência do ex-presidente Lula nas transmissões de rádio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.