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Candidatos são arrojados com suas finanças

Os candidatos aos cargos em disputa nas eleições distribuem seus investimentos financeiros em produtos considerados conservadores, embora se comportem de forma mais arrojada do que o investidor típico brasileiro, conforme especialistas em finanças pessoais ouvidos pelo Estado. Ao todo, eles declararam à Justiça Eleitoral R$ 3,9 bilhões em investimentos, de um total de R$ 25,2 bilhões em patrimônio.

Ações de empresas, sobretudo as negociadas em Bolsa, representam 14% do total de investimentos financeiros dos candidatos. Dos R$ 3,9 bilhões, eles aplicam em renda variável o equivalente a 35% ou R$ 1,42 bilhão – já incluídas as ações. O porcentual indica, segundo consultores financeiros, mais confiança deles na economia do que o cidadão comum.

“Esse é um grupo apto a apostar mais e a correr riscos, mais em linha com o título de candidato. A carteira tem jeitão conservador, mas é mais agressiva do que a média”, diz Fabio Gallo, professor de Finanças da PUC-SP e da FGV-SP. “O investidor brasileiro, o cidadão comum sem grandes conhecimentos em finanças, deixa dinheiro fortemente na caderneta de poupança e renda fixa.”

O porcentual em ações é puxado por alguns dos candidatos mais ricos do País, como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), dono de R$ 283 milhões em ações de empresas negociadas em Bolsa no Brasil e postulante à sucessão do presidente Michel Temer. O segundo com mais ações é o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM), candidato a governador de Mato Grosso, com R$ 105 milhões.

Além das ações, outro elemento de renda variável na carteira dos candidatos indica que eles são mais agressivos que a média ao investir o próprio dinheiro é o porcentual de 6% – R$ 230 milhões – em Fundos de Longo Prazo e Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). Os FIDC são direitos de crédito vendidos a terceiros.

“Em comparação com a população média, esses caras acreditam muito mais na economia. Se a economia piora, e a inadimplência aumenta, que seria uma consequência natural de se esperar, a primeira coisa que vai sofrer é o FIDC. As pessoas vão começar a virar inadimplentes, parar de pagar o crédito e o fundo vai começar a ter prejuízo na hora”, diz Marcio Reis, diretor de pesquisas econômicas do aplicativo GuiaBolso. “Você só investe em FDIC se acreditar que a economia vai estar no mínimo estável ou melhorar.”

As aplicações na categoria são puxadas pelo empresário do ramo farmacêutico Fernando Marques, candidato a senador no Distrito Federal pelo Solidariedade, que tem R$ 67,5 milhões na aplicação. O segundo na categoria é Meirelles, com R$ 58,8 milhões, e o terceiro, o candidato do partido Novo à Presidência, João Amoêdo, com R$ 44,2 milhões.

Um diferencial entre o comportamento financeiro dos candidatos e do investidor comum é a pequena participação da previdência privada na carteira de aplicações dos políticos, apesar de estarem diretamente vinculados aos debates sobre a reforma da previdência no Congresso. São apenas R$ 184 milhões, o equivalente a 5% do total. A caderneta de poupança soma R$ 90,3 milhões – 2,3% da carteira global, num patamar também considerado baixo.

Dos cerca de 28 mil candidatos que solicitaram registro de candidatura, 69% são homens. A maioria está na faixa entre 45 e 54 anos. A metade, aproximadamente, declara ter ensino superior completo, e a maioria é branca. A ocupação declarada mais comumente é a de empresário.

“Pensando que são homens, maduros, com ensino superior, não é nenhum milagre. Era de se esperar que tivessem um tíquete médio maior, mas obviamente está bastante acima da média do brasileiro”, diz Gallo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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