Acontece na noite de hoje o primeiro debate na televisão entre os candidatos nas eleições para a Prefeitura de Curitiba. Contrariando a estratégia dos últimos concorrentes à reeleição que largaram com grande vantagem sobre seus adversários, o prefeito Beto Richa (PSDB) confirmou presença no encontro das 22h na TV Bandeirantes, com transmissão para todo o estado pela emissora.
“Participarei do debate em respeito aos demais candidatos e à população curitibana, que tem o direito democrático de acompanhar o debate com todos os candidatos para decidir qual a melhor opção para a cidade. A minha participação também mantém a coerência com uma gestão que sempre se pautou pela transparência e pelo diálogo com a população”, declarou o prefeito.
A estratégia de não participar de debates para evitar desgastes desnecessários, embora abrindo espaço para críticas sem a possibilidade de defesa, foi usada com sucesso por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o primeiro presidente reeleito pelo voto no Brasil, em 1998, e repetida pelo presidente Lula (PT) e pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), em 2006.
Os três largaram com grande vantagem em relação a seus adversários e temiam que, em um debate com vários candidatos, fossem alvo de críticas de todos os demais concorrentes.
Fernando Henrique e Lula foram aos debates do segundo turno, quando a discussão foi de igual para igual entre dois candidatos, e venceram as eleições. Já Aécio foi reeleito no primeiro turno e acabou não participando de nenhum debate.
Com 72% de intenções de votos na pesquisa RPC/Datafolha (n.º 1631/08 no TRE) divulgada na última semana, Beto disse, ontem, não temer ser o alvo principal dos outros sete candidatos.
“Não imagino que o debate seja transformado em um palco de luta livre, porque não é isso que interessa ao eleitor e à população curitibana. Quero aproveitar este nobre espaço para realizar um debate de alto nível, com boas propostas para a cidade”, comentou.
A principal adversária de Beto na disputa, Gleisi Hoffmann (PT), reconheceu que, com a presença do prefeito é natural que ele seja questionado sobre os problemas da cidade. “É normal que os problemas da cidade sejam expostos num debate e, ele (Beto) estando lá, terá de explicar o que não está dando certo”, disse.
No entanto, por se tratar de um primeiro debate e com oito candidatos, Gleisi não espera discussões muito intensas. “É o primeiro debate, antes da propaganda por rádio e TV, e os candidatos deverão usar para se apresentar aos eleitores e exporem suas idéias. É o primeiro passo”, comentou.
Terceiro colocado na pesquisa, o deputado estadual Fábio Camargo (PTB) disse que Beto Richa não será seu alvo no debate. “Quero usar o tempo do debate para mostrar aos curitibanos que sou o mais preparado para discutir a cidade, com o Beto. Não vou atacar e nem revidar possíveis ataques”, disse.
Camargo prometeu não “pessoalizar” a discussão, mas indicou com quem pretende debater logo mais. “Minha adversária, no momento, é a Gleisi (2.ª colocada) e é natural que busque o debate com ela”, ponderou.
Grande parte das críticas à atual administração deverá vir do candidato peemedebista, Carlos Moreira, que aposta no debate como a primeira oportunidade de o eleitor conhecê-lo.
Moreira disse que a estratégia para o encontro já está bem definida com a coordenação da campanha, mas não quis adiantá-la à reportagem. O ex-reitor da UFPR limitou-se a comentar sobre sua expectativa para o evento.
“A expectativa é a melhor possível. Com os debates e com a campanha no rádio e na televisão, o eleitor vai poder analisar melhor os candidatos, tendo muito mais informações para decidir seu voto”, disse.