Os senadores Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PDT) já começaram a discutir a estratégia da campanha para o segundo turno. Requião manteve ontem diversas reuniões e fez contatos com dirigentes de vários partidos iniciando as negociações para reforçar sua base de apoios. Já Alvaro, segundo sua assessoria, viajou a Brasília, mas ordenou uma mudança na coordenação de campanha.
O senador pedetista pediu reforço na coordenação que, além do empresário José Carlos Gomes de Carvalho, deverá ter a participação ainda do seu irmão, o senador Osmar Dias, e dos presidentes estaduais do PDT, Nelton Friedrich, e do PTB, Valdir Rossoni. Álvaro pretende concentrar esforços no seu ponto fraco, Curitiba e Região Metropolitana, onde foi o quarto colocado na disputa.
Já Requião se dedicou mais às costuras políticas. Disse que recebeu manifestações de apoio de parlamentares eleitos pelo PT, PPS, PFL, PSDB e até do PTB, que se mostrariam dispostos a subir em seu palanque no segundo turno. Ele diz que os apoios virão de discussões sobre o projeto para o Estado. “Estamos conversando sobre idéias e propostas e não loteando cargos como ocorreu com nosso adversário”, afirmou.
O senador peemedebista não pretende promover grandes alterações na sua campanha. Acha que no segundo turno, dispondo do mesmo tempo do adversário no horário eleitoral gratuito- 7,5 minutos ao dia- terá chance de explorar melhor suas propostas de governo. O senador reclamou que no primeiro turno foi duramente atacado pelos adversários e teve que empregar a maior parte do seu exíguo tempo no horário eleitoral – 2 min45seg – para se defender.
Sobre as negociações das alianças, Requião admite que sua maior expectativa é ter o apoio do PT. “O PMDB do Paraná apoiou Lula nas últimas quatro eleições e agora vamos juntos trabalhar por um programa capaz de mudar o Paraná e o Brasil”, destacou. O senador peemedebista também está indo em busca do apoio de prefeitos. Na próxima quinta-feira, em Cascavel, o partido organiza um encontro com um grupo de prefeitos que já estariam comprometidos com a candidatura peemedebista. Requião espera receber a adesão de prefeitos de vários partidos.
Expectativa
Alvaro também diz que estará aberto a apoios desinteressados. “Podemos receber o apoio de qualquer liderança política e sua participação no nosso plano de governo, mas da mesma forma como fizemos nossa coligação – sem barganha ou loteamento de cargos no governo”, enfatizou.
Alvaro disse que sua coligação poderá ter o apoio do PSDB e até do PT no segundo turno. “O PSDB do Paraná foi estruturado na oposição ao governo estadual. Uma parte expressiva desse partido já nos apóia, quem sabe até dois terços nos apóiem agora no segundo turno. Trabalhei durante seis anos na organização do PSDB do Paraná, que foi formado por muitos amigos pessoais”, comentou.
Em relação ao PT, Alvaro disse que a posição do PDT nacional é de apoio ao candidato Lula, em caso de segundo turno. “Em comício em Pato Branco, quando Brizola esteve conosco, ficou deliberado que o apoio fosse dado ao Lula no segundo turno da eleição. Aliás, Brizola incentivou os eleitores a praticar o chamado voto útil, optando por Lula ainda no primeiro turno. Por isso acredito que uma boa parte do PT também virá conosco na segunda etapa desta eleição.”, justificou.
Partidos discutem alianças
Elizabete Castro
O PT decide hoje em reunião da direção estadual a sua posição no segundo turno das eleições para o governo. Já o PPS marcou para a próxima quinta-feira a reunião da executiva estadual para discutir de que lado o partido ficará nesta campanha. A tendência é que as bases dos dois partidos reforçem a campanha do PMDB, mas nos dois casos, não se sabe se esse apoio será convertido em adesão oficial das direções.
No PT, há um dilema. Com a realização do segundo turno na eleição presidencial, a direção nacional vai querer influenciar na posição do partido no estado. O senador Alvaro Dias (PDT) já declarou apoio a Lula, que poderia querer preservar um palanque duplo no estado. Entretanto, o argumento dos petistas do Paraná é que se Lula obteve mais de 50% dos votos em Curitiba e Região Metropolitana, muito se deve a Requião, que nos últimos dias da campanha assumiu o apoio ao petista na disputa presidencial.
Já o PPS pretende consultar os atuais deputados e os deputados eleitos, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios municipais.
“Vamos ouvir toda a base partidária e suas lideranças. Só depois da consulta é que a executiva decidirá o que fazer”, disse o presidente regional do PPS, deputado federal Rubens Bueno. Segundo ele, todas as hipóteses serão examinadas, sem exclusão prévia de nenhuma possibilidade. Bueno informou ainda que irá ouvir seus aliados do PV.
Na prática, as possibilidades maiores são de que o PPS se alie ao PMDB. Bueno e o senador Alvaro Dias são inimigos e tiveram vários embates durante a campanha eleitoral. A base eleitoral do PPS deve subir ao palanque de Requião, mas se essa posição será convertida em apoio oficial é o que decidirá a reunião da próxima quinta-feira.
Indefinido
O PSDB ainda não se pronunciou sobre sua posição no segundo turno. O candidato ao governo Beto Richa vai se manifestar hoje pela primeira vez sobre a eleição numa entrevista coletiva marcada para às 11h, no seu comitê de campanha. O presidente estadual do partido, deputado federal Basilio Villani, continua se recuperando de uma cirurgia num hospital de Curitiba.
O único tucano a se manifestar ontem foi o presidente da Assembléia, deputado Hermas Brandão. O deputado acha possível até mesmo que o PSDB adote uma posição de neutralidade na sucessão estadual, já que tanto Alvaro como Requião se declaram aliados de Luiz Inácio Lula da Silva.
Definido
Giovani Gionédis, do PSC, já decidiu que não participará da campanha do segundo turno.” Não vou apoiar nenhum dos candidatos, já que não representam o ideário expresso em minha candidatura”, justificou. O presidente estadual do PSC, entretanto, disse que vai liberar os filiados do partido para que decidam sobre sua posição no segundo turno.
Governador promete que vai manter neutralidade
Elizabete Castro
O governador Jaime Lerner (PFL) vai ficar neutro no segundo turno da eleição no Paraná. Lerner justificou que prefere acompanhar de longe o processo porque os dois candidatos, Alvaro Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB) sempre foram seus adversários. “A minha neutralidade é coerente com a posição de divergência que sempre tive em relação aos dois candidatos que foram para o segundo turno”, afirmou. Não se sabe se o PFL estadual vai acompanhar a posição do governador. Lerner disse que ficou satisfeito com o desempenho de Beto Richa – o tucano ficou em terceiro lugar com 31.4% dos votos – e não quis se estender sobre as razões do fracasso do seu candidato. “Na vontade dos eleitores não se faz reparos”, afirmou o governador. Segundo ele, se Beto tivesse tido um pouco mais de tempo e estrutura teria obtido melhor resultado.
Lerner anunciou que irá começar a montar uma equipe de transição para o sucessor. “Temos uma postura de transparência e vamos colaborar para que o futuro governo tenha todas as condições para iniciar bem a nova administração”, afirmou.
O governador vai se dedicar no segundo turno a trabalhar pela eleição do tucano José Serra para a Presidência da República. Ontem, o governador do Paraná já fez contato com a equipe de Serra para discutir como se encaixar na estratégia do segundo turno.
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