O Estado encerra hoje a série de matérias sobre as propostas de governo dos principais candidatos à sucessão estadual com a apresentação dos projetos para a área cultural.
O candidato do PDT ao governo, senador Alvaro Dias, disse que a discussão sobre política cultural entrou nas mais de trinta reuniões realizadas para recolher sugestões para seu plano de governo. Alvaro disse que recebeu muitas queixas contra o que chamou de descaso do atual governo com a cultura local.
O senador Roberto Requião, candidato do PMDB, enfatiza a necessidade de democratização dos espaços culturais e de abertura de um canal de diálogo permanente com os agentes culturais. Requião promete trazer de volta projetos que implantou no seu governo, como o Teatro para o Povo.
O candidato do PSDB, Beto Richa, afirmou que a cultura é fator fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. “Cultura é vantagem competitiva para o Estado”, diz o candidato do PSDB, prometendo destinar mais verbas para a área. O candidato do PT, deputado federal Padre Roque, diz que se eleito irá convocar uma Conferência Estadual de Cultura para a apresentação do Plano Estadual de Cultura.
O candidato do PPS, deputado federal Rubens Bueno, assegura que irá contemplar as propostas e iniciativas dos produtores culturais, assim como de instituições, movimentos comunitários e entidades sociais de manifestação cultural. Giovani Gionédis (PSC) critica o excesso de burocracia na aplicação da atual Lei de Incentivo à Cultura e promete reformular a atual legislação para simplificar sua execução.
Cultura
Luigi Poniwass
Área normalmente deixada em segundo plano nos projetos de governo – pela calamidade nos indicadores sociais -, a cultura é ao mesmo tempo um dos maiores desafios para os mandatários eleitos. E se esforça para mostrar suas estreitas relações com a educação, para a formação de uma consciência crítica e o desenvolvimento da cidadania.
No caso do Paraná, o trinômio governo/comunidade artística/sociedade nem sempre foi dos mais harmoniosos, apesar da disposição e do bom trânsito da secretária Monica Rischbieter entre os agentes culturais. A Lei Estadual de Incentivo à Cultura, por exemplo, só agora começa a sair do papel – quatro anos depois de o projeto ter sido apresentado pelo deputado Ângelo Vanhoni (PT).
A Conta Cultura, polêmico programa de intermediação da Secretaria da Cultura entre artistas e empresas, também tem enfrentado problemas. A sua última edição precisou ser reformulada, por irregularidades na captação de documentos. Representantes da classe artística também reclamam de decisões imperiais, tomadas de cima para baixo, como a criação do novo Museu de Arte do Paraná, no Edifício Castelo Branco, ou a transferência do Museu Paranaense para o Palácio São Francisco. Administrar egos, apagar incêndios, atender demandas e conversar muito, tudo isso equilibrando-se num orçamento ínfimo, vítima preferencial dos cortes que certamente virão.
Alvaro Dias sugere formação de parcerias
“As instituições financeiras que tenham relações com o governo do Estado serão parceiras na captação de recursos para a atividade cultural, servindo de fomento e incentivo à arte e cultura paranaenses.”
Aumentar os investimentos para o setor. A previsão do candidato é injetar R$ 11 bilhões para as áreas de educação, cultura, esporte e lazer; Valorização dos artistas paranaenses, com prioridade ao estímulo à manifestação das expressões artísticas locais; Viabilizar oportunidades para o surgimento de novos talentos regionais; Criação e dinamização de oficinas culturais para garantir o atendimento a outra reivindicação, que é o desenvolvimento artístico-cultural das camadas mais carentes da sociedade. Planejadas para serem difundidas por todo o Estado, as oficinas pretendem democratizar a prática e o conhecimento da arte; Promover a editoração de livros, jornais, revistas, vídeos e outros meios de produção cultural. Na sua administração, o candidato criou o jornal literário “Nicolau”; Investir na melhoria do acervo das bibliotecas e sistematização da difusão do conhecimento; Criar um conselho para a discussão da política cultural do Estado, com a participação dos setores produtores e difusores de cultura.
Roberto Requião discutirá
“A cultura deve fazer parte da vida de todas as pessoas. Nós pretendemos proporcionar incentivos para garantir esse acesso. Queremos debater, avaliar e aperfeiçoar nossa política cultural.”
Democratização dos espaços culturais, mantendo um diálogo permanente, especialmente com os Fóruns das Entidades Culturais existentes no Paraná; Reimplantação do projeto Teatro para o Povo, adotado pelo candidato quando exerceu o governo. O projeto abriu as portas do Teatro Guaira à população aos domingos. Desta vez, a proposta é estender o projeto para os demais municípios paranaenses; Manter um canal aberto entre o Palácio Iguaçu e todos os segmentos culturais do Estado; Aumento de investimentos estaduais na produção cultural independente. Consolidação e aprimoramento da aplicação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com a implantação do Fundo Estadual da Cultura nela previsto; Novos investimentos na Rádio e TV Educativa; Realização de seminários de artes integradas, envolvendo profissionais de todas as áreas culturais; Implantar política democrática de distribuição dos recursos arrecadados por meio da legislação de incentivo à cultura e a utilização dos espaços públicos para finalidades culturais.
política cultural.
Beto Richa afirma que ampliará verbas
“Vamos abrir um diálogo com a comunidade artística e adequar o orçamento à necessidade deste segmento. Vamos garantir mais verbas públicas para valorizar a produção cultural paranaense.”
Implantar sistema de descentralização da cultura, por meio de convênios com municípios, visando dar agilidade, eficiência e transparência às ações regionais; Melhorar a situação orçamentária para o setor cultural; Estímulo ao investimento privado, por meio da valorização das parcerias do programa Conta Cultura, a efetivação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, já aprovada e regulamentada, e do Fundo Estadual da Cultura; Oferecer condições para a que a população tenha acesso às produções de arte e cultura, em todas as áreas e níveis, principalmente nos espaços de responsabilidade do governo do Estado; Transformar a TV Educativa num veículo de difusão da cultura paranaense, por meio de mecanismos democráticos de programação e funcionamento; Fortalecimento da Rádio Educativa, ampliando suas possibilidades de alcance e de programação, e a reestruturação de órgãos, instalações e equipamentos, tais como teatros, escolas, orquestras e conselhos, a fim de otimizar suas ações.
Padre Roque sugere mais democratização
“Cabe ao Estado estabelecer políticas que promovam a cidadania cultural, democratizem o acesso aos bens culturais a toda a população e valorizem, sobretudo, os intelectuais e artistas locais.”
Convocação de uma Conferência Estadual de Cultura para a apresentação do Plano Estadual de Cultura, assim como a criação do Conselho Estadual de Cultura, de caráter deliberativo; Implementação do Fundo Estadual de Cultura, como instrumento fundamental para o aparelhamento cultural do Estado; Promover a consolidação e o aprimoramento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; Reestruturação da Secretaria Estadual da Cultura. Reestruturação e fortalecimento da TV Educativa – Canal Paraná, para que se torne efetivamente um veículo de difusão da cultura paranaense; Estudar a criação da Orquestra Sinfônica Juvenil do Paraná; Estabelecer uma efetiva política de revitalização e utilização das instituições e equipamentos culturais já existentes; Instituir uma efetiva política de aquisição de livros, em parceria com os municípios, equipando melhor as bibliotecas municipais; Incluir a questão cultural nos planos de desenvolvimento municipal e regional.
Rubens Bueno defende incentivo a talentos
“As ações públicas em cultura e esporte cumprirão um papel relevante para a afirmação da sociedade e para as alterações de rumo do Paraná, passando a ser um instrumento de mudanças no Estado.”
Desenvolvimento humano e promoção social, com enlace em ações setoriais diversas e prioridade para manifestações de arte e esporte nos bairros mais tensos em segurança; Profissionalização nos vários setores e modalidades, envolvendo a capacitação de pessoas e agentes para geração de renda e negócios de produção cultural; Dar maior destaque à cultura e ao esporte dentre as instituições estaduais, revendo seus perfis orçamentários e legislações para incentivo e estímulo;.Estabelecer linhas de marketing público e defesa patrimonial para as expressões e manifestações – “históricas” ou não – do esporte, da cultura e das artes;. Dar maiores recursos e consistência programática aos museus estaduais e ao papel integrador do Paraná nos fundamentos da cultura e da ocupação no território, criando unidades itinerantes de difusão sobre o Patrimônio Histórico e Cultural; Estimular a ampliação do mercado de artes, ofícios e modalidades esportivas, mediante criação de bolsas e balcões de negociação para os talentos emergentes, oficinas de capacitação.
Giovani Gionédis propõe nova lei de apoio ao setor
“Queremos implantar uma Lei de Incentivo Cultural de fácil aplicação, com mais agilidade e menos burocracia. Propomos parcerias com a iniciativa privada para o fortalecimento de eventos culturais.”
Definição de um calendário fixo de eventos que gerem também recursos turísticos em várias regiões do Paraná, como festivais de música, teatro, dança e circo;
Exigência de prestação de contas pelos beneficiados e auditorias externas ou da própria classe artística em projetos culturais;
Criação e estímulo aos circuitos turísticos culturais visando aprimoramento da arte regional;
Apoio logístico e integração de funcionários da Fundação Teatro Guaíra com departamentos de produção artística para baratear custos e viabilizar a execução de produções locais;
Criação de cine teatros em cidades-pólo do interior;
Readequação e disponibilidade de espaços culturais para mostras, exposições e espetáculos de artistas paranaenses;
Apoio logístico para a criação de uma arte cinematográfica genuinamente paranaense;
Transformação do Canal Paraná em Rede Estadual de Televisão, com produção regionalizada, atingindo todos os municípios do Paraná.