Os candidatos à sucessão presidencial adotaram um tom popular no primeiro dia de propaganda eleitoral gratuita no rádio. As inserções do PT e do PSDB adotaram um discurso simples. No rádio, o candidato José Serra (PSDB) virou “Zé”. E a candidata Dilma Rousseff (PT) destacou o trabalho das donas de casa como “um dos mais importantes do mundo”. Marina Silva, do PV, recorreu a um tom professoral para explicar as mudanças provocadas pelo aquecimento global. Como na propaganda do horário gratuito na TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o grande protagonista do horário eleitoral, sendo citado pelos governistas e pela oposição.
O programa de José Serra foi apresentado por um locutor chamado Joca, um paulista, que mediou a conversa entre duas personagens: Chico, mineiro, e Ari, baiano. Vale lembrar que São Paulo, Minas Gerais e Bahia estão entre os quatro maiores colégios eleitorais do País. Com momentos de humor, entre eles piadinhas sobre a calvície de uma das personagens, a produção destacou o trabalho de Serra à frente do Ministério da Saúde e do governo de São Paulo, principalmente no comando de obras de infraestrutura. Com um tom de voz semelhante a do presidente Lula, o personagem Ari elogiou o jingle da campanha de Serra, que diz “sai o Silva e entra o Zé”. Nos seus minutos finais, o programa tucano ressaltou a origem humilde de um menino de classe média do bairro da Mooca, o “Zé”.
Na mais longa das inserções, com cerca de 10 minutos, o PT apresentou Dilma como a verdadeira candidata do presidente Lula. O anúncio foi introduzido por três narradores que, no decorrer da peça, apresentaram aos ouvintes histórias de pessoas que foram beneficiadas pela gestão do PT à frente do Palácio do Planalto. A candidata destacou a sua experiência administrativa como ministra-chefe da Casa Civil e listou programas que ajudou a implementar, como o ProUni, o Bolsa Família e o Luz Para Todos. Numa curta participação, o presidente Lula elogiou a candidata e ressaltou que a petista “vai continuar o importante trabalho que começamos e realizamos juntos”. “É por tudo isso que eu estou com Dilma”, disse Lula.
Na inserção de cerca de 1m30, Marina explicou em linguagem simples os efeitos do aquecimento global no meio ambiente. Ela reafirmou que é possível promover o desenvolvimento do Brasil sem a necessidade de desmatar e alertou quanto à urgência de se preservar o planeta. “Se nada for feito imediatamente, os oceanos vão subir sete metros. A falta de água deve afetar dois bilhões de pessoas no mundo”, afirmou.
Com um espaço um pouco menor do que o da candidata do PV, o candidato Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, foi apresentado como o “primeirão do debate da Band”, em referência ao seu desempenho no debate promovido pela TV Bandeirantes. Plínio garantiu ser um candidato que sempre lutou “pelas minorias”. A idade avançada do candidato, que completou em junho 80 anos, foi discutida. “Plínio parece frágil, mas não é. É uma rocha que lutou contra uma ditadura.”
Com 55 segundos cada, os candidatos nanicos procuraram utilizar o tempo para se apresentar ao eleitor. O candidato do PSTU, Zé Maria, destacou problemas nas áreas de habitação, segurança e saúde no País e criticou o governo do presidente Lula. O candidato José Maria Eymael, do PSDC, apresentou a sua biografia política e pediu para que os eleitores acompanhem na internet as suas propostas de governo. Sem citar a proposta do aerotrem, Levy Fidélix (PRTB) pregou a diminuição da carga de impostos no Brasil. Os candidatos Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) não utilizaram os segundos a que tinham direito na propaganda eleitoral gratuita.