Candidato do PSB mineiro promete campanha ‘provocativa’

O candidato do PSB ao governo de Minas, o ex-prefeito Tarcísio Delgado, deu início à sua campanha distribuindo farpas para seus principais adversários, os ex-ministros Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB). Em encontro com a imprensa, no qual apresentou o material impresso que começará a ser distribuído aos eleitores, Delgado afirmou que fará uma “campanha provocativa”, com o lema “é diferente”.

E já começou a “provocar” declarando que costuma “dar graças a Deus por ser pobre”. Porque o homem público, que começa a vida pública e é pobre, se ficar rico, pode por na cadeia de uma vez. Não precisa nem julgar, porque não tem como ficar rico com mandatos eletivos. Fez negócios. E, se for governador, vou sair pobre do governo”, disparou.

Em entrevista, o socialista negou que estivesse “direcionando a crítica” a algum candidato “individualmente” e que falava para “todos”. Mas o material distribuído à imprensa com a apresentação do candidato e da campanha afirma que o socialista vai “gente que fez fortuna com a política”. Pimenta da Veiga declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 10,5 milhões, enquanto Pimentel relacionou bens no valor de R$ 2,4 milhões. “Estou falando para todos que entraram na vida pública pobres e ficaram ricos. Cada um, se servir, coloca o boné. Não vou nominar”, disse

Mas Delgado negou que a “campanha provocativa” seja contra os adversários. “É mais do eleitor que outra coisa. Dizer para o eleitor que tem que ser exigente. “Só vamos ter democracia no Brasil quando o eleitor analisar seu candidato. Tem que saber quem é, o que ele fez na vida e o que ele é hoje”, ressaltou.

Ex-prefeito de Juiz de Fora, o socialista citou várias vezes sua gestão à frente do município da Zona da Mata mineira para exemplificar medidas que pretende adotar caso seja eleito e afirmou que “não é muito diferente” administrar o município de 545 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Estado, que tem população de 20,5 milhões de pessoas. “É a mesma coisa. Quando comecei a governar Juiz de Fora, que falei que ia fazer o que acabei fazendo, perguntavam toda hora: ‘isso é possível? E fizemos”, declarou.

Durante a coletiva, Delgado insistiu na proposta de um governo “itinerante”, com “participação popular”. “(Vamos) fazer um governo descentralizado, que não fica na capital o tempo todo com as portas fechadas. Ficar uma semana numa cidade polo. O governo instalado lá, conversando com as pessoas de lá, vendo os problemas de lá. Mas tem que ter disposição física e vontade para fazer. Sou meio atleta, então não tenho nenhum problema de fazer uma coisa dessas”, disse o candidato, que tem 78 anos.

Apesar de conceder entrevista de mais de 56 minutos, Tarcísio Delgado evitou falar sobre os gastos de campanha. O valor estimado não foi apresentado à Justiça Eleitoral, motivo de um pedido de impugnação da candidatura pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) que ainda será analisado pela Justiça. O material distribuído ontem diz que a campanha será “alegre, colaborativa e participativa, sem gastar tanto dinheiro” quanto os adversários. A campanha petista está estimada em R$ 42 milhões, enquanto o PSDB declarou teto de gastos de R$ 60 milhões.

Presidência

No impresso entregue à imprensa, consta que a campanha de Tarcísio terá “Minas em primeiro lugar”, apesar de o partido estar “inserido em uma campanha presidencial”. O candidato confirmou o que o presidenciável socialista, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), participará de atos ao seu lado, apesar de “não ter data marcada”. Na próxima semana, o PSB já articula a participação da candidata a vice-presidente, Marina Silva, em ato em Belo Horizonte, ainda não confirmado oficialmente.

Mas o secretário-geral do PSB mineiro, Laudo Natel, ressaltou que a candidatura de Tarcísio Delgado “não foi colocada simplesmente para ter um palanque para Eduardo Campos em Minas” e sim para dar “alternativa” à polarização do pleito entre PT e PSDB. O presidente do diretório socialista mineiro, deputado federal Júlio Delgado, chegou a declarar apoio a Pimenta da Veiga, mas a direção nacional da legenda impôs a candidatura própria no Estado, principal reduto eleitoral do candidato tucano à Presidência, senador Aécio Neves (MG).

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