A decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a visita oficial que faria ao presidente norte-americano, Barack Obama, em outubro foi uma saída “lógica” ao impasse gerado por denúncias de que a Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) teria espionado governo e empresas brasileiros, além da própria presidente. Essa é a opinião do coordenador do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, Paulo Pereira. Ele avalia que no atual contexto a discussão de uma agenda propositiva – que é o objetivo das visitas de Estado – ficaria impossibilitada.
“A presidente compreendeu que se fosse aos Estados Unidos seria questionada tanto se falasse ou se não falasse sobre as espionagens. O sentido (da visita) era mais propositivo que o atual contexto marcado pelas denúncias de espionagens indica”, disse.
Segundo Pereira, caso Dilma tivesse mantido a viagem, a atual conjuntura deixaria a presidente vulnerável. “Qualquer postura que tivesse, seria mal vista lá e cá”, disse. “Além disso, as visitas de Estado tem sentido de colocar a agenda de discussão política ampla, em relação a temas de cooperação e desenvolvimento de projetos conjuntos. Não é um momento onde se resolvem problemas diplomáticos dessa envergadura. Esse propósito da visita (propositivo) estaria comprometido”, frisou.