Com o slogan “Coragem para mudar”, o PSB lança hoje a candidatura a presidente do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e a vice da ex-ministra Marina Silva na tentativa de se viabilizar como candidatura competitiva e chegar a uma das vagas em disputa num eventual segundo turno. O plano é acertar o discurso que possa consolidá-los como terceira via em uma eleição que aparenta caminhar, pela sexta vez consecutiva, para a polarização entre PT e PSDB.

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“A partir de agora, o nosso desafio é mostrar que é possível mudar mais, considerando que as mudanças no governo da presidente Dilma Rousseff foram insuficientes”, afirma o coordenador da campanha, Carlos Siqueira. O tom será oposicionista: “Nós vamos dizer o que não foi feito e o que pode ser feito”.

Uma das formas de explicitar o que não foi feito no atual governo, segundo o PSB, é dizer que o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo, apesar de Dilma dizer com frequência que as gestões dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza. A proposta da dupla Campos-Marina para mudar essa situação é fazer uma reforma tributária que mude o pacto federativo e possibilite que os próprios Estados façam os investimentos necessários para as melhorias sociais.

Conciliar o discurso pelo desenvolvimento sustentável à preocupação social tem sido uma das tentativas da dupla para se posicionar como terceira via sem cair em contradição. Isso porque ambos atuaram diretamente nos governos Lula.

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Marina, uma das fundadoras do PT, foi ministra do Meio Ambiente de Lula de 2003 a 2008. Campos deixou o Ministério de Ciência e Tecnologia em 2005 para retornar ao mandato de deputado e defender o governo no Congresso em meio à crise do mensalão. Depois, foi eleito governador de Pernambuco em 2006 e reeleito em 2010, sempre com apoio de Lula. Fora isso, o PSB integrou o governo Dilma até setembro de 2013, quando entregou dois ministérios e postos de segundo escalão.

Estagnação.

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Entretanto, o discurso de que a dupla seria a única opção capaz de fazer as reformas que o País precisa sem prejudicar as conquistas sociais não se reverteu em avanços significativos nas pesquisas de intenção de votos. Campos tem registrado índices ao redor de 10% e ficado em terceiro, atrás do tucano Aécio Neves – na faixa dos 20% – e de Dilma. A presidente lidera os levantamentos, mas tem visto cair a diferença para a soma dos adversários, o que indica realização de segundo turno.

Campos vai começar a campanha oficial menor do que imaginava. A expectativa de dirigentes do PSB era a de que ele estivesse com quase 20% das intenções de voto – o que significaria chances reais de ir ao segundo turno – apoiado pelo prestígio de Marina. Em 2010, a ex-ministra somou mais de 19 milhões de votos na disputa presidencial.

Além disso, a junção do PSB com a Rede Sustentabilidade, grupo que apoia Marina, enfrenta dificuldades. A dupla tenta se dizer adepta da “nova política” e critica os acordos partidários dos adversários. No entanto, a decisão dos diretórios de Rio e São Paulo de se aliarem a PT e PSDB nas disputas estaduais, respectivamente, abriu uma crise entre Rede e PSB. Para que a convenção de hoje fosse realizada em paz, Campos e Marina fecharam um pacto na quarta-feira para superar as divergências regionais e concentrar as energias na eleição nacional.

O evento de hoje, marcado para o mesmo dia em que o Brasil enfrenta o Chile pelas oitavas de final da Copa, vai testar o nível de organização do PSB. A convenção foi planejada para ser rápida e terminar a tempo de os participantes assistirem à partida, às 13h. Além de Campos e Marina, devem discursar apenas os presidentes dos partidos da coligação (PPS, PPL, PRP e PHS).

Para compensar o pouco tempo de TV da coligação (menos de 2 minutos por bloco), a campanha vai investir nas redes sociais e em viagens pelo País. Para otimizar o tempo e visitar mais cidades, Campos e Marina vão rodar o Brasil mais separados que juntos.