O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), marcou para o dia 8 de março a votação dos pedidos de cassação dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP) acusados de terem sido beneficiados com recursos do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Com isso, o plenário retomará as votações dos processos de cassação quase três meses depois do último julgamento, o que inocentou o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), em dezembro do ano passado.
Os processos dos dois deputados chegarão ao plenário 41 dias depois de terem sido aprovados pelo Conselho de Ética. ?Eu tenho certeza de que se os processos estivessem sendo julgados no Judiciário teriam demorado mais. Não por defeito do Judiciário, mas porque há possibilidade de mais recursos. A Câmara é ainda quem julga com mais rapidez e rigor?, avaliou Aldo. Para julgar os processos no mesmo dia, a Câmara fará duas sessões, uma pela manhã e outra à tarde. Aldo disse não acreditar em um ?acordão? entre partidos para livrar os deputados da cassação. ?A Câmara não vai julgar um pacote. Vai fazer um julgamento independente. É difícil um acordo nesse sentido?, afirmou.
Para concluir a votação dos 11 pedidos de cassação dos deputados acusados de envolvimento no ?mensalão? até maio, Rebelo poderá adotar a prática de colocar dois processos nas sessões de quarta-feira, quando tradicionalmente há mais deputados na Câmara. Ainda não tem solução, no entanto, a falta de quórum nas sessões de segundas e sextas, que está impedindo a realização das sessões e a contagem dos prazos dos processos. O prazo estimado para a conclusão dos processos tem como base a realização, em junho, das convenções partidárias para a escolha dos candidatos nas eleições. Aldo reconheceu que depois de maio será difícil manter um número alto de deputados em Brasília.
No balanço que fez dos trabalhos da convocação extraordinária, encerrada na terça-feira à noite e que custou cerca de R$ 95 milhões só em salários adicionais para parlamentares e servidores da Câmara e do Senado, Aldo afirmou que seria melhor se não tivesse havido o pagamento de salários extras. ?Creio que seria melhor para o País se nós pudéssemos ter economizado esses recursos?, afirmou Aldo, lembrando que o Brasil é um país pobre que tem carência de recursos para educação, saúde, segurança pública e outras demandas. Ele ponderou, entretanto, que o País gasta R$ 600 milhões por dia com o pagamento de juros de sua dívida pública e que os gastos com a convocação extraordinária representaram um sexto desse valor.