O Palácio do Planalto ganhou a semana do carnaval para reverter o golpe sofrido na terça-feira, 25, e tentar impedir a aprovação do requerimento para que uma comissão externa viaje ao exterior e acompanhe investigações que citam a Petrobras. Diante da falta de quórum, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), jogou a apreciação da matéria para a semana depois do feriado.
Mais cedo, Henrique Alves chegou a dizer que acreditava que a votação poderia ocorrer ainda hoje, mas deputados já afirmavam que não haveria comparecimento em plenário suficiente para deliberar sobre o tema. Grande parte dos parlamentares já regressou aos Estados de origem ou tem viagem marcada para esta tarde. Alves anunciou que o requerimento – originalmente proposto pela oposição – voltará a ser analisado no dia 11 de março.
Colocar o requerimento em pauta ontem foi o primeiro recado concreto do chamado “centrão” ao governo. Formado por deputados do PMDB, PP, PR, PTB, PDT, PSC, esse bloco informal, descontente com a articulação política conduzida pelo Planalto, decidiu apoiar o pedido para que uma comissão externa formada por parlamentares acompanhe na Holanda as investigações do esquema de pagamento de subornos a empresas de vários países no qual a Petrobras é mencionada. Autoridades daquele país apuram se a empresa SBM pagou propina a funcionários da estatal brasileira em negócios envolvendo a compra de plataformas.
O pedido chegou a ser analisado ontem, mas o presidente da Câmara adiou a conclusão da votação e evitou a derrota do governo, pelo menos por enquanto. Os membros do “centrão” prometem obstruir os trabalhos da Casa até que o requerimento para a instalação da comissão exerna seja votado.