A Câmara dos Deputados recusou, nesta terça-feira, 26, a emenda estabelecendo o voto distrital misto no âmbito da Proposta de Emenda à Constituição nº 14, a PEC da reforma política. O modelo eleitoral para deputados e vereadores sugerido pelo PSDB foi derrotado por 369 votos. Apenas 99 deputados foram favoráveis à emenda tucana e dois se abstiveram.

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O modelo distrital misto buscava combinar o sistema distrital (vitória dos mais votados por região), com o proporcional (voto em partido). No início da tarde, o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), defendeu o modelo e ameaçou levar a bancada tucana a votar contra o distritão defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Aécio reuniu os deputados do PSDB para pedir união na defesa do distrital misto e contra o distritão. “Do ponto de vista da estabilidade do cenário político brasileiro, o distritão é um retrocesso. Estou fazendo um apelo ao PSDB, se não for aprovado o distrital misto, que se coloque contra o distritão”, afirmou.

O distrital misto recebeu apoio das bancadas do PV e PPS, que somam apenas 19 deputados. Dos 49 deputados tucanos que votaram, apenas Célio Silveira (PSDB-G) não apoiou a emenda do partido.

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O vice-líder do governo, Silvio Costa (PSC-PE), ironizou a sugestão do PSDB. “O distrital misto é uma proposta legitimamente tucana: em cima do muro. O PSDB quer metade de um jeito e metade de outro jeito. É claro que não ia dar certo”, disse.

Racha

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Apesar da crítica de Aécio ao distritão, conforme apurou o Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, a bancada do PSDB está dividida. Embora o modelo exista em poucos países – entre eles, o Afeganistão -, cerca de metade da bancada tucana é favorável ao sistema eleitoral no qual deputados e vereadores mais votados sejam eleitos – sem a transferência de voto dentro dos partidos ou voto de legenda nas eleições proporcionais.

Já no DEM, o distritão tem apoio da maioria da bancada. O partido, com o PSDB, forma o principal bloco de oposição ao governo e tem se aproximado de Cunha para impor derrotas ao governo.

Não à toa, ao criticar o distritão, Aécio evitou subir o tom contra a postura de Cunha de suspender a comissão mista que debatia a reforma política para votá-la de maneira fatiada em plenário – o que levou aliados a chamarem o presidente de autoritário.