Mesmo depois do fim de seus mandatos, em fevereiro de 2007, pelo menos 117 ex-deputados tiveram passagens aéreas pagas pela Câmara no período de fevereiro a dezembro de 2007. Desses, 28 usaram a cota mais de 20 vezes e emitiram um total de 896 bilhetes com destinos nacionais. A lista é encabeçada por Almeida de Jesus (PR-CE), com 81 voos, Hamilton Casara (PSDB-RO), com 57 passagens, e Miguel de Souza (PR-RO), com 56, de acordo com levantamento feito pelo site “Congresso em Foco”.

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A relação dos 28 que mais usaram o benefício, mesmo sem mandato, inclui o presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PE), o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz (PT-DF), atual diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o atual vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith (DEM), e o ex-deputado e hoje advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

Queiroz, ex-deputado pelo PC do B, hoje no PT, disse que os voos são originários de créditos não utilizados. Ele disse que em janeiro de 2007, último mês de seu mandato, chegou a devolver parte do dinheiro referente à cota de passagens aéreas a que tinha direito, mas outro montante já estava registrado em companhia aérea, o que impossibilitaria o ressarcimento aos cofres públicos. Para ele, os recursos não devolvidos pertencem a ele, não à Câmara. “Eu tinha crédito, já era meu, não era da Câmara”, afirmou.

Por meio de sua assessoria, Freire disse que as passagens foram utilizadas “conforme prática generalizada na Câmara, já que as cotas permaneciam em nome dos parlamentares”. Quatro ex-parlamentares não viajaram com as cotas, mas transferiram todas as passagens para familiares e terceiros: José Divino (sem partido-RJ), Remi Trinta (PR-MA), Jorge Gomes (PSB-PE) e Reinaldo Gripp (PP-RJ).

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