Sob suspeita, a Câmara Legislativa do Distrito Federal retorna aos trabalhos hoje em Brasília diante de um cenário contraditório e de pouco perigo para o governador José Roberto Arruda (sem partido). Os deputados prometem instalar hoje à tarde a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o esquema de corrupção no governo Arruda. O problema é que ao menos 10, dos seus 24 parlamentares, são suspeitos de ligação com as supostas fraudes.
A Casa promete apuração, mas será presidida novamente por Leonardo Prudente (sem partido), que ficou conhecido pelo vídeo em que coloca nas meias dinheiro supostamente oriundo de propina. Ele reassume a presidência hoje depois da licença que tirou do cargo em meio ao escândalo. O PT disse que tentará impedir seu retorno ao comando da Câmara. Quer que Prudente cumpra os 60 dias de licença anunciados por ele, apesar de um parecer da procuradoria legislativa autorizar seu retorno.
Os parlamentares começam hoje a definir também como vão analisar os pedidos de impeachment contra Arruda e o vice-governador, Paulo Octávio. São pequenas, por enquanto, as chances de que esses processos sigam adiante. A tramitação é longa. Primeiro, vão passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, então, seguem para uma comissão especial. Somente depois serão avaliados em plenário.
Atraso
Arruda já agiu para atrasar o assunto. Ele acordou com sua base aliada que seu impeachment será discutido somente após a CPI – programada para ter seis meses de duração. Ou seja, não ofereceria nenhuma ameaça a seu mandato neste semestre. A estratégia é empurrar o tema até dezembro, quando encerra sua gestão.
A CPI, por enquanto, não representa perigo para Arruda. Dos cinco deputados titulares, quatro são seus aliados: Alírio Neto (PPS), Eliana Pedrosa (DEM), Raimundo Ribeiro (PSDB) e Batista das Cooperativas (PRP). Os três primeiros foram secretários do governo de Arruda e terão a missão de evitar a aprovação de qualquer requerimento que o ameace.