A Câmara Legislativa do Distrito Federal elegerá ainda hoje seu novo presidente, que ocupará vaga aberta com a renúncia de Leonardo Prudente (sem partido), o deputado flagrado em vídeo usando as meias para guardar maços de dinheiro que teria origem no esquema de corrupção conhecido como “Mensalão do DEM”. Deve ser eleito hoje Wilson Lima (PR), deputado distrital no terceiro mandato, subsecretário de Alimentação do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) e aliado do governador José Roberto Arruda (sem partido), acusado de comandar o esquema e alvo de três pedidos de impeachment.
Ao chegar à Câmara, Wilson Lima já anunciou a primeira ação que pretende tomar quando eleito: recorrer contra a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) de afastar do processo de análise dos pedidos de impeachment do governador os deputados citados como beneficiários do “Mensalão do DEM”. O TJ determinou que oito suplentes sejam convocados a votar no lugar dos titulares.
Porém, a decisão causou uma dúvida jurídica na Casa, que não pode tirar das vagas os deputados eleitos nem ter 32 parlamentares empossados, pois a Constituição prevê mandatos de apenas 24. “O juiz tentou ajudar, mas embolou o jogo”, afirmou Lima.
O deputado disse que Arruda não quis interferir na escolha de um nome de consenso da base aliada, mas supervisionou todas as articulações. Tanto que, ontem, manteve contato por telefone com os deputados e avalizou a escolha de Lima, seu aliado, para assumir a presidência da Câmara do Distrito Federal.
À noite, os parlamentares se reuniram com Arruda – em local que Lima não quis revelar – para definir os nomes dos novos presidentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção e dos colegiados que analisarão os pedidos de impeachment – Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e Comissão Especial. O deputado não quis revelar, também, quais foram os nomes escolhidos.
Oposição
Pela oposição, disputará a presidência da Casa o deputado Cabo Patrício, do PT, que, como vice-presidente, tem comandado a Câmara interinamente desde que Leonardo Prudente foi afastado do cargo pela Justiça, no início da semana passada. A líder do PT, Érila Kokay, explicou que o partido, proporcionalmente, só tem direito a uma vaga na Mesa Diretora. Assim, se outro petista fosse eleito presidente, Cabo Patrício perderia a vaga de vice.
“Quando indicamos o Patrício para compor a Mesa Diretora, no ano passado, ele teria direito a um mandato de dois anos. Então, nada mais justo que ele concorra e, se eleito, continue na Mesa”, explicou Kokay. A oposição detém apenas cinco das 24 vagas na Câmara Legislativa.