Câmara diverge sobre apoio a presos políticos de Cuba

Uma manifestação de solidariedade aos presos políticos de Cuba transformou o plenário da Câmara em uma disputa entre defensores e críticos do governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro. O PCdoB, o PT, o PSB e o PSol consideraram a moção de apoio aos presos políticos que “lutam por liberdade e democracia” em Cuba como uma campanha internacional e ideológica contra o país e assinaram uma outra moção contra o bloqueio econômico e pelo fechamento da prisão de Guantánamo, mantida pelos Estados Unidos na ilha. A moção manifesta ainda a solidariedade a cinco prisioneiros cubanos nos Estados Unidos.

A aprovação das duas moções distintas no plenário, depois de negociações para amenizar os dois textos, encerrou um embate iniciado na semana passada, quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) apresentou o requerimento de apoio aos presos políticos cubanos. Conhecido por suas posições de direita, Bolsonaro teve de mudar o texto de seu requerimento e obteve o apoio de outros partidos para a sua aprovação: PMDB, PSDB, DEM, PPS, PR, PP, PTB.

A primeira versão da moção apresentada pela deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), presidente do grupo parlamentar Brasil-Cuba, na qual atribuía as manifestações a favor da liberdade dos presos políticos em Cuba a uma “cruzada infame” contra o país, também foi enxugada. Conjuntamente com Grazziotin, líder do PCdoB, a moção foi assinada pelos líderes do PT, Fernando Ferro (PE), do Psol, Ivan Valente (SP), e do bloco formado pelo PSB, PCdoB, PMN e PHS, Daniel Almeida (PCdoB-BA).

“Estou perplexo. O deputado (Bolsonaro) que sempre defendeu a ditadura, a tortura, o pau-de-arara (instrumento de tortura) e o desaparecimento político esteja no comando da oposição”, disse Valente.

“Houve um texto de acordo. Eu não tenho preconceito com a assinatura de Jair Bolsonaro”, afirmou o deputado Mendes Ribeiro (RS), em nome do PMDB. Ele defendeu a aprovação dos dois requerimentos. “Nesse momento, dar apoio aos presos cubanos é importante. Também pelo fechamento de Guantánamo”, afirmou Coruja. A votação foi simbólica, sem o registro no painel eletrônico.