Caetano Veloso e Arnaldo Antunes participarão de shows na ocupação do prédio do Ministério da Cultura no Rio, engrossando o coro de artistas que demandam a saída do presidente em exercício Michel Temer e o resgate do MinC, extinto pelo novo governo e subordinado ao Ministério da Educação. O prédio está ocupado desde segunda-feira, 16, por dezenas de artistas e trabalhadores da cultura, das áreas de teatro, cinema, música e dança. Edifícios da Cultura em Fortaleza, Natal, Recife e outras cidades também estão ocupados.
O palco foi montado sob os pilotis do Palácio Capanema, no centro do Rio, onde funciona o MinC, a Fundação Nacional de Arte (Funarte) e outros órgãos da pasta extinta. A presença de Arnaldo Antunes foi confirmada numa apresentação nesta quarta-feira, 18, às 16 horas, junto com o cantor Otto. A de Caetano, que se apresentaria, a princípio, com Erasmo Carlos e Lenine, ainda não tem data nem horário confirmados. Na noite de terça, 17, foi realizado um concerto da Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro. Todas as apresentações fazem parte da programação cultural da ocupação.
O manifesto dos artistas pela democracia, divulgado pelos ocupantes do MinC, exige a deposição de Temer. “Não reconhecemos Michel Temer como presidente do Brasil. Qualquer tipo de negociação com o Palácio do Planalto é uma forma de legitimação do golpe. Faremos a governança real e simbólica na luta pelos nossos direitos, ocupando – de forma pacífica, mas contundente – o Palácio Gustavo Capanema. A extinção do Ministério da Cultura significa e simboliza não só a perda dos direitos dos trabalhadores da Cultura, conquistados em uma longa história de lutas e desafios, mas também a perda dos direitos de cidadania do povo brasileiro, garantidos pela Constituição de 88. (…) Não aceitamos negociar com os coronéis do século 21”.
Na sexta-feira, 13, a Associação Procure Saber divulgou carta enviada a Temer, abrindo, portanto, o diálogo com ele. Assinam o texto Caetano, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, Erasmo, Milton Nascimento e Ivan Lins, entre outros artistas. A carta diz: “A cultura de um país, além de sua identidade, é a sua alma. O Ministério da Cultura não é um balcão de negócios. As críticas irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram espaços a que antes não tinham acesso. É por tudo isso que o anunciado desaparecimento do Ministério da Cultura sob seu comando, já como chefe da nação, é considerado pela classe artística um grande retrocesso.”