O cacique Raoni Metuktire, líder dos Caiapós em Mato Grosso, apelou ontem em Altamira, no Pará, às jovens lideranças indígenas para assumirem a luta contra a Usina de Belo Monte como estratégia de defesa da sobrevivência das nações indígenas do Brasil. “Se mirem em mim. Enquanto eu estiver vivo direi não, não à destruição dos povos indígenas. Contem comigo meus parentes. Não desistam e não tenham medo porque as polícias Militar, Civil e Federal não vão nos matar”, disse.
Num discurso bastante inflamado Raoni pediu aos mais jovens que não se rendam às grandes ofertas do governo que visam destruir a nação indígena brasileira: “Não entreguem nossa água, nosso peixe, nossas terras.” Ele questionou a necessidade de o governo investir na construção de hidrelétrica como modelo de desenvolvimento: “Por que o governo tem de fazer hidrelétrica? Por que tem que matar, acabar com os índios para entregar nossas terras para outras pessoas?”
Raoni participa em Altamira do evento Acampamento Terra Livre Regional, na orla do cais do porto da cidade, próximo à sede da Eletronorte, cujo foco é a construção da Belo Monte, principal obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O cacique Josinei Arara afirmou que se o governo insistir na construção da Belo Monte sem consultar as populações indígenas vai ter uma “grande surpresa”. “Muita gente vai morrer, nem que não sobre nenhum Arara”, disse.