O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), apresentou suas primeiras justificativas desde que se tornaram públicas suas relações pessoais com os empresários Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e Eike Batista, da EBX. Em entrevista à rádio CBN, o peemedebista alegou que nunca misturou sua vida privada com suas funções públicas e negou ter beneficiado os empresários. Sem reconhecer qualquer conflito de interesse, o governador admitiu, no entanto, rever sua conduta.

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“Minha vida privada é uma coisa, minha vida pública é outra. E eu nunca misturei isso. No caso da Delta, como de outras empresas, o que vem acontecendo no Rio de Janeiro é um crescimento econômico e um volume de obras que aumentou muito no nosso governo. A Delta, por exemplo, ela está hoje colocando nos jornais, ela tinha 80% do seu faturamento há 11 anos no Estado do Rio. Hoje, ela tem menos de 25%. Cresceu no Brasil inteiro”, alegou Cabral, repetindo os argumentos divulgados pela empresa em notas à imprensa e informes publicitários. “É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre mim e o Fernando, que é anterior ao meu mandato, com o crescimento da empresa”, disse o governador.

Em nenhum momento Cabral admitiu erros ao participar de festejos de empresários ou aceitar caronas em seus jatos. Ele se limitou a analisar a legislação federal que estabelece o código de ética do funcionalismo e comparar como as regras são estabelecidas em outros Estados.

“Quero assumir aqui um compromisso de rever a minha conduta. A imprensa é o espaço para o debate público. Vamos construir um código juntos, vamos estabelecer os limites. Tem um código nacional que, se não me engano, foi feito no final do governo do Fernando Henrique Cardoso, em 2002. Deve ter Estados que têm. Eu adoro direito comparado. Vamos ver o que há em outros Estados do Brasil e do mundo, e vamos construir isso (código de ética) juntos”, disse o governador.

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Acidente

As relações de Cabral com Cavendish e Eike ficaram expostas depois do acidente de helicóptero que matou todos os sete ocupantes, há dez dias, em Porto Seguro, na Bahia. Dentre os mortos, a mulher de Cavendish, Jordana, o enteado dele e a namorada do filho de Cabral, Mariana Noleto. O governador do Rio estava com o filho, Marco Antonio, e Mariana em um resort para participar dos festejos de aniversário do dono da Delta. Cabral e seus familiares foram para a Bahia num jato particular de Eike.

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A Delta Construções, de Cavendish, recebeu R$ 992,4 milhões em contratos com o governo do Rio durante o primeiro mandato de Cabral, entre 2007 e 2010, crescimento de 150% em comparação a 2003-2006. Este ano, dos R$ 241,8 milhões pagos a Delta pelo governo do Rio, R$ 58,7 milhões vêm de contratos com dispensa de licitação. A EBX de Eike obteve R$ 79,2 milhões de benefícios fiscais na gestão do peemedebista.