Começa hoje a fase preparatória das novas buscas de corpos de integrantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975) no Sul do Pará. Uma equipe do Ministério da Defesa visitará a Casa Azul – principal base militar na região durante o conflito – e o cemitério São Miguel, no centro antigo de Marabá. Dos 67 guerrilheiros mortos pelo Exército, apenas dois tiveram os corpos identificados até hoje pelo governo – Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias. A possível retirada de corpos só ocorrerá em agosto.
O campo militar da Casa Azul foi local de prisão, tortura, interrogatórios e até fuzilamento. Boa parte dos 41 guerrilheiros executados pelo Exército passou pelas celas da base militar, que fica à beira da Transamazônica e do Rio Itacaiúnas, entre eles, Arlindo de Pádua Costa (Piauí), Cilon Brum (Comprido) Dinalva Teixeira (Dina) e Maria Luiza Garlippe (Tuca). Um dos torturados, o guerrilheiro José Piauhy Dourado, o Ivo, não suportou a violência do interrogatório e acabou morto na própria base da Casa Azul.
A visita da expedição do Ministério da Defesa, no entanto, tem características simbólicas. É provável, segundo militares que participaram dos combates, que os corpos enterrados em bases como a da Casa Azul, de Xambioá e da Bacaba tenham sido exumados durante a chamada Operação Limpeza, em 1975, e levados para cemitérios clandestinos da região. Amanhã, a expedição visitará a base militar da Bacaba e sítios no município de São Domingos do Araguaia.