Após a realização de diligências na Câmara para buscar provas contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista disse que as buscas demonstram “desespero” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na tentativa de encontrar provas “para justificar algo que não aconteceu”.
O ministro Teori Zavaski, relator do processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou uma diligência na Casa a pedido de Janot. “É uma tentativa de procurar prova para justificar algo que não aconteceu. São circunstâncias que mostram o desespero do procurador de tentar encontrar alguma coisa que possa tentar me incriminar”, afirmou Cunha.
O presidente da Câmara voltou a dizer que Janot escolheu seus investigados por questões pessoais. “Respondo a qualquer conteúdo que me for provocado. Efetivamente o procurador escolheu a quem investigar. Há uma querela pessoal. Não há a menor dúvida em relação a isso”, disse.
Cunha negou que qualquer material tenha sido recolhido em seu gabinete e disse ter ordenado que se “facilitasse” o acesso dos policiais federais à Casa. “O que foi feito aqui é absolutamente desnecessário. Não precisa ser feito isso. Bastava mandar um ofício, mandaria tudo que se pediu. Vir aqui buscar daquela forma o que vieram buscar… Bastava mandar um ofício. Não precisava de nada disso”, afirmou.
O presidente da Câmara afirmou ainda que, durante a reunião da Mesa Diretora, foi discutida a necessidade de se organizar o acesso de servidores a senhas e e-mails de deputados. Na semana passada, Cunha levantou a hipótese de os registros internos da Câmara terem sido fraudados para implicá-lo nas investigações da Operação Lava Jato.
MPs
Cunha afirmou ainda que acredita na aprovação das medidas provisórias do ajuste fiscal (MP 664 e 665). “Não acho que o governo vai perder nenhuma medida provisória, porque não tem esse histórico de se perder e até porque tem muitos destaques (para serem apreciados em plenário)”, disse.
Contudo, ele afirmou que o governo terá de se esforçar para obter apoio da base aliada para atingir êxito na votação. “O governo terá que ter a sua base para votar. Ninguém vai deixar de votar porque vai ter falta (com desconto em salário) e, consequentemente, se não concordar, vai votar contra”, disse.
Cunha alertou também para o risco de destaques apresentados para apreciação em plenário que podem mudar o conteúdo da 665, que altera benefícios trabalhistas. “O que pode acontecer é que o conteúdo de algum destaque, alguma emenda, alguma supressão seja feita e possa ser caracterizada como algo com que o governo não esteja de acordo”, indicou.
A Câmara retomou nesta tarde a sessão de votação da MP 665, que muda regras de acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. Segundo o presidente, a MP 664, que altera a concessão da pensão por morte, e a MP 663, ampliando de R$ 402 bilhões para R$ 452 bilhões o limite da parcela dos empréstimos do BNDES no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), podem ser lidas hoje em plenário e colocadas em votação.
“A pauta está trancada pelo ajuste, não me cabe fazer nada. Vamos começar pela 665 e, se por acaso não andar ou não passar ou retirarem de pauta, vou convocar outra sessão. E aí provavelmente vou ver se está pronta a análise das medidas provisória 663 e 664, vou lê-las e colocá-las também”, disse.