Bumlai diz que ‘encaminhava’ demandas ao Instituto Lula

O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai afirmou em seu terceiro interrogatório à Polícia Federal que repassava demandas à Clara Ant, do Instituto Lula. Segundo o amigo do ex-presidente Lula, muitas pessoas solicitavam a ele que fizesse contato junto à entidade, uma vez que encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto e não tinham resposta.

O terceiro interrogatório de Bumlai ocorreu na segunda-feira, 21. Segundo o site do Instituto, Clara Ant integra a diretoria do Instituto Lula. Ela foi assessora especial de Lula nos dois mandatos do petista na Presidência da República (2003/2010)

“Esclarece que muitas pessoas encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto Lula e que, ante a ausência de respostas, solicitavam ao reinterrogando, na medida do possível, que fizesse contato junto ao Instituto para viabilizar ao menos a apreciação dos pedidos”, declarou.

“Nestes casos, o reinterrogando procurava Clara Ant, diretora do Instituto Lula, e repassava os pedidos. Então, eles eram apreciados; que perguntado se exercia funções de “secretário” de Luiz Inácio Lula da Silva disse que não, apenas repassava demandas a Clara Ant.”

A Polícia Federal perguntou a Bumlai qual era a forma de comunicação que ele mantinha com Lula. “Disse que entrava em contato através do número de sua esposa; que pelo que o reinterrogando sabe, Luiz Inácio Lula da Silva nunca possuiu um número de celular próprio; que durante os anos de 2014 e 2015, não repassou qualquer demanda deste tipo, isto é, de interessados em solicitarem reuniões, palestras e outros pleitos a Luiz Inácio Lula da Silva.”

Bumlai está preso desde 24 de novembro quando foi deflagrada a Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato que investiga empréstimo de R$ 12 milhões contraído por ele em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin – o real destinatário do dinheiro seria o PT, segundo confessou o pecuarista. O amigo de Lula e outros 10 investigados são acusados de participar de um esquema de propinas na contratação da Schahin Engenharia, em 2009, como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000, envolvendo o empréstimo de R$ 12 milhões.

“Indagado se confirma que nunca conversou com o ex-presidente sobre o problema que enfrentava com a Schahin, disse que nunca conversou sobre este tema com ele; que indagado se mantém sua última afirmação, uma vez que lhe foi demandado que dissesse se tem certeza sobre o fato de que nunca tratou de seu empréstimo com Lula, disse que acredita e que tem quase certeza de que nunca tratou deste tema com o ex-Presidente”, afirmou.

Durante o depoimento, Bumlai foi questionado novamente se confirmava que nunca havia tratado de assuntos comerciais e políticos com o ex-presidente. “Gostaria de esclarecer que não possui relações comerciais com Lula.”

De acordo com o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, defensor de Bumlai, “há um grande empenho das autoridades em pressionar Bumlai para que, de alguma maneira, envolva Lula na apuração da Lava Jato”. O defensor afirma ainda que é inegável e notória a amizade entre ambos. “O que não existe é intermediação criminosa daquele junto a este para a realização de negócios ou patrocínio de negócios privados de terceiros. A única vez em que Bumlai teve interesse em apresentar alguém a Lula – sem que isso configure crime algum – foi em razão de um pedido já formulado pelo embaixador do Catar, num momento em que ele fez uma tentativa de fechar um negócio naquele país, sem obter êxito.”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna