O Partido Ecológico Nacional (PEN), um dos nove que formam a coligação encabeçada pelo PSDB para tentar conquistar o Planalto, atrasa o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves. Os dois segundos de propaganda eleitoral que o partido cedeu à coligação Muda Brasil custam ao mineiro mais de 20 dias de espera pelo deferimento do registro de candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Por conta de um pedido de impugnação à convenção do PEN, Aécio é o único dos 11 candidatos que disputam a Presidência neste ano que ainda não teve o registro deferido. Desde julho, os documentos do tucano estão na gaveta do ministro João Otávio de Noronha. O ministro pretende levar o imbróglio do PEN ao plenário na próxima quinta-feira (21), para só então aprovar o registro de Aécio. A impugnação foi apresentada por uma integrante do próprio PEN, a candidata a deputada federal por São Paulo que tinha pretensão de concorrer à Presidência, a advogada Denise Abreu. Se o tribunal entender que a reclamação de Denise procede, pode excluir o nanico PEN da coligação de Aécio.

Denise Abreu já integrou a subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2005, sob o comando de José Dirceu. Depois assumiu a direção da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no segundo mandato do ex-presidente Lula. Em meio à crise no setor e após o vazamento de declarações polêmicas, alegou ter sido pressionada pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog. Nestas eleições, só deseja “derrubar o PT” do poder. Mas não diz se apoiará o tucano Aécio Neves.

Deixou a Anac em agosto de 2007, cerca de um mês depois do acidente com o Airbus da TAM, em Congonhas, que deixou 199 mortos. A Procuradoria da República entendeu que Denise cometeu atentado contra a segurança do transporte aéreo na modalidade dolosa e chegou a pedir 24 anos de prisão para a ex-diretora. O caso ainda tramita na justiça.

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Perfil

Denise, que ficou conhecida pela foto em que aparece fumando um charuto em uma festa no auge do apagão aéreo, se define atualmente como alguém que zela pelos valores “judaico-cristãos” em favor “da família e da sociedade”. Vista por integrantes do partido como uma pessoa “pouco acessível”, a advogada acredita que o caso do acidente da TAM e o envolvimento na crise aérea já estão “mais do que superados”. No TSE, Denise alega fraude na convenção do próprio partido, que teria se realizado em local diverso do estabelecido no estatuto, em horário muito posterior ao convocado e cujo resultado, diz, foi divulgado pela imprensa antes da votação dos membros.

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A consequência máxima da impugnação apresentada pela candidata ao TSE será a exclusão do partido da coligação de Aécio, que então passará a contar apenas com PMN, DEM, PTN, PTB, PTC, PT do B e Solidariedade (SD), além é claro do PSDB. A estimativa dos tucanos é de que o partido perca apenas dois segundos de propaganda. Se fosse lançar candidato próprio, o PEN teria pouco menos do que um minuto, nos cálculos do presidente do partido, Adilson Barroso.

Proprietária de uma casa de R$ 2,3 milhões no Butantã, em São Paulo, Denise acusa Barroso de filiar ao partido, para a convenção, funcionários de canaviais e pessoas “menos qualificadas”. “A convenção foi fraudada”, defende a candidata, que se vê como uma “liderança” aos colegas de partido. O advogado da coligação Muda Brasil, Flávio Henrique Costa Pereira, diz que não há efeito negativo na demora do registro. “Estamos muito tranquilos, o que está se desenhando é uma questão interna do PEN e não uma impugnação à candidatura”, disse o advogado.