O vice-presidente da República, Michel Temer, repreendeu ontem “a briga lamentavelmente ácida” entre peemedebistas e petistas pelo comando de Furnas. Em entrevista à TV Estadão, em seu escritório de São Paulo, Temer afirmou que caberá ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), levar à presidente Dilma Rousseff três ou quatro nomes do partido com perfil técnico para que ela faça a escolha do novo presidente da estatal. A entrevista poderá ser acessada no portal do Estadão hoje, a partir das 15 horas.
“No tocante a Furnas eu devo dizer que é muito inconveniente essa disputa entre membros do PT e do PMDB. É uma briga lamentavelmente ácida. Você pode brigar por espaço, mas de uma forma adequada. Tenho criticado essa disputa”, disse.
O atual presidente de Furnas, Carlos Nadalutti, foi indicado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que quer manter o controle da estatal. Petistas começaram a atuar nos bastidores para minar o domínio de Cunha. A origem da disputa entre integrantes dos dois partidos foi um dossiê preparado por funcionários de carreira de Furnas e levado ao ministro de Relações Institucionais, o petista Luiz Sérgio, na semana passada, pelo secretário de Habitação do Rio, Jorge Bittar (PT).
No documento, funcionários denunciam o aparelhamento da estatal e desvios administrativos, segundo eles patrocinados por Cunha. O peemedebista reagiu e atacou, no Twitter, a “incompetência” dos diretores de Furnas ligados ao PT. O dossiê dos trabalhadores fala em sobrepreços e atrasos nas obras das usinas de Simplício e Batalha e aponta suspeitas em operações financeiras da estatal.
Responsável por apaziguar o PMDB por conta das disputas no segundo escalão, Temer enfatizou o acerto com Dilma para que o dirigente de Furnas seja técnico. Os senadores Hélio Costa (PMDB-MG) e Osmar Dias (PDT-PR) foram descartados. “O nome pode ser do PMDB, mas um nome técnico, que tenha condições de gerir a empresa”, insistiu. Temer não fez comentários sobre a denúncia de ingerência de Cunha em Furnas.