Juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e encarregado dos processos da Lava Jato no Estado, Marcelo Bretas, afirmou que, no Rio, “além da sensação da impunidade havia a certeza da impunidade”. Durante palestra no Fórum de Compliance do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o juiz disse ainda que a caça à corrupção encontra resistências e que até mesmo no Judiciário há quem acredite que políticos corruptos devem receber tratamento diferenciado em relação ao dedicado a outros criminosos.
“Parece uma coisa simples mas não é. Investigar, processar pessoas que estão acima de você é uma situação muito delicada, que põe em risco a sua vida, a sua expectativa de ascensão profissional”, afirmou Bretas, acrescentando que, num ambiente de corrupção, a tendência é que prevaleça as relações de “bajulações” nas diferentes instituições de governo e poder.
“Melhor me associar a alguém que já está próximo ao poder. A sensação de impunidade gera isso. Acaba chamando mais e mais pessoas a participar desse esquema”, acrescentou o juiz, no dia em que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão foi preso pela Polícia Federal, acusado de participar do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
Segundo Bretas, as eleições deste ano revelaram a vontade popular de “mudança drástica, uma reavaliação da legitimidade de oligarquias de durante muitos anos dominaram o Estado do Rio de Janeiro”. Ele, no entanto, disse não “personalizar” seu comentário e em nenhum momento em sua palestra citou explicitamente a prisão de Pezão.