A diplomacia brasileira, que não para de abrir embaixadas, mas com critérios discutíveis, vai chegar a destinos ainda mais exóticos. O governo decidiu instalar mais quatro novas embaixadas – uma delas no Afeganistão. Estônia, Bielo-Rússia e Bósnia-Herzegovina também vão ganhar representações do Brasil, conforme previsto em decretos publicados na edição de quinta-feira do Diário Oficial da União.
Só neste ano já foram criadas 17 embaixadas – a lista completa inclui Albânia, Mianmar, Nauru, Ilhas Fiji, Palau, Tuvalu, Samoa, Ilhas Salomão, Butão, Mônaco, Chipre, Nepal e Serra Leoa. Segundo o Itamaraty, o número de postos (embaixadas, missões, consulados e escritórios) passou de 155 para 223 durante o governo Lula.
O movimento, diz o Itamaraty, atende à “determinação do presidente Lula de ampliar a rede de postos” devido ao “caráter crescentemente global dos interesses brasileiros”. Com isso, pretende-se ampliar comércio e investimentos, fortalecer o diálogo político e desenvolver projetos de cooperação. Para o especialista José Augusto Guilhon de Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), há um número exagerado de novas embaixadas.
“O Brasil está se especializando em criar laços importantes com países que não mereciam essa legitimação”, critica. “O Brasil não achou importante contribuir militarmente com o Afeganistão, que é um país ocupado por forças estrangeiras. O que vamos fazer lá? Ensinar democracia?”