O candidato do PSOL ao Planalto, Guilherme Boulos, disse ser contra o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), mas negou demonizar o setor privado diante de tal afirmação. “Não acho que (o PPI) é o caminho que vai destravar os investimentos em infraestrutura. Mas não é para demonizar o setor privado. O setor privado, quando se trata de obras públicas, tem de estar direcionado para um interesse público”, defendeu, durante evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), nesta segunda-feira, 20, em São Paulo.

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Boulos destacou que investimentos em infraestrutura – não somente em estradas e rodovias, mas também sociais – têm uma ligação direta com o Estado. Como exemplo, Boulos citou as obras do Minha Casa, Minha Vida, programa do governo federal que, segundo ele, por interesse dos empresários de maximizar seus lucros, foi prejudicado.

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“O Minha Casa, Minha Vida gerou sobrelucro. Como a construção teve lucro? Ele (o empresário) pegava o pior terreno que ele tinha. Se a caixa vai pagar o mesmo valor pela unidade habitacional, eu não preciso pensar onde vou por”, disse Boulos, destacando a qualidade ruim das obras e tamanho reduzido. “Esse foi o modelo de parceria entre o público e o privado. É verdade, construiu moradias. É importante. Mas o fez em condições menos adequadas”, defendeu.

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Sobre o setor financeiro, Boulos voltou a defender uma maior atuação do BNDES e disse que o banco não pode ser punido por administrações equivocadas. “O BNDES não pode ser demonizado por políticas que cometeram equívocos. Ele tem de ser usado em obras de infraestrutura, mas nas pequenas obras também. O BNDES se voltou muito para grandes empresas e pouco para as pequenas”, criticou.

Boulos voltou a defender também uma atuação mais incisiva dos bancos públicos no crédito para reduzir os juros praticados no País. Questionado sobre os resultados que governos anteriores obtiveram com tal prática, o candidato disse que o vilão foram as desonerações aos empresários, não baixar os juros ou spreads bancários. “Isso mostra o quanto criar cenários de investimento favoráveis não traz progresso. Não veio um mar de investimentos. Sem o Estado impulsionando, não vai”, disse.

O candidato pregou a necessidade de se investir na modernização da indústria nacional, deixando um pouco de lado o caráter apenas de exportador. “O Brasil não tem vocação para ser fazenda da China. Não cabe ao Brasil ser exportador de minério e soja. Ele pode ser muito mais.”

Segundo Boulos, o País precisa de uma política industrial ousada, mas sem tirar direitos trabalhistas. “Não vamos ter competitividade pagando um real/hora. Vamos ter condições com uma política industrial com investimento pesado em tecnologia e inovação.”