Foto: Agência Brasil
Borba: acusado de corrupção, renunciou ao cargo.

O ex-deputado federal José Borba (PMDB) registrou ontem sua candidatura a um novo mandato para a Câmara Federal no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à revelia do diretório estadual do partido, que lhe recusou legenda. Borba fez o registro individualmente, recorrendo junto à Executiva Nacional do PMDB, que lhe concedeu o direito de se candidatar no sábado passado, dia primeiro.

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O ex-deputado renunciou a seu mandato em setembro do ano passado, após denúncias de que teria participado no suposto esquema de corrupção de caixa dois, que seria coordenado pelo empresário Marcos Valério de Souza. Borba não foi incluído na lista aprovada pela convenção estadual do partido porque, conforme o vice-governador Orlando Pessuti disse à época do encontro, a executiva paranaense entendeu que o fato criaria um problema ético para o PMDB. E o governador Roberto Requião chegou a dizer que se Borba ganhasse a legenda, ele próprio não disputaria a reeleição ao governo do Estado.

Borba teve de recorrer à executiva nacional, que apoiou, por maioria, o seu registro como candidato. Segundo o deputado federal Wilson Santiago (PMDB-PB), que estava na presidência interina da sessão da executiva, dos dezesseis membros que compõe a comissão, nove estavam em Brasília e aprovaram a candidatura.

Santiago afirmou que Borba tinha todos os documentos necessários para o registro, e não havia motivos para que não fosse concedida a legenda. "Ele apresentou todas as certidões exigidas e a comprovação de filiação partidária", disse. De acordo com Santiago, coube à executiva ouvir a procuradoria jurídica do partido, que entendeu que não havia impedimentos. "Cumprimos as exigências da lei", explicou.

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O registro da candidatura de Borba deve agora ser julgado pelo TRE. Se for confirmado, o ex-deputado terá direito de participar das propagandas gratuitas da legenda, o que deve desagradar a executiva estadual do partido. A redação de O Estado procurou o ex-deputado ontem, mas ele esteve com o celular desligado. Porém, no dia 30 junho, Borba havia declarado que renunciou ao mandato, evitando ser julgado por quebra de decoro parlamentar, porque preferia ser julgado pela população, nas urnas.

Sem palanque

Para o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, a candidatura de Borba é um absurdo. Dobrandino afirmou que a legenda não quer Borba em seus palanques. "Nós não aceitamos isso, mas cabe o TRE decidir e eu não posso fazer nada. Se ele conseguir ser candidato, o problema é dele", declarou.

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Caso Borba consiga se candidatar, Dobrandino não teme que o partido seja afetado. "Nós não demos legenda para Borba. Ele conseguiu com o diretório nacional", explicou.

Mensalão

Borba era líder do PMDB quando surgiram as denúncias contra ele. O ex-deputado foi citado no relatório preliminar da CPMI dos Correios como um dos beneficiários do suposto esquema do "valerioduto", sendo acusado de receber R$ 1,1 milhão do empresário Marcos Valério de Souza. Borba fugiu de uma possível cassação renunciando ao mandato e teve sua aposentadoria concedida pela Câmara dos Deputados. Mesmo aposentado, ele pode disputar eleições neste ano.