Preso desde ontem, o ex-vereador de Londrina Orlando Bonilha voltou a depor ontem para esclarecer ao Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) como funcionava o esquema de cobrança de propina na Câmara Municipal.
Aos promotores, Bonilha disse que apenas três vereadores da casa nunca receberam recursos ?extras? para acompanhar alguma votação.
Além de confirmar o envolvimento de outros 12 parlamentares no esquema que cobrava propina para votar projetos específicos, Bonilha, que se incluiu entre os líderes do grupo, revelou que alguns vereadores recebiam ?mesadas? de empresários para aprovar determinados projetos.
O próprio Bonilha confessou ter recebido R$ 1,6 mil mensalmente de uma empresa de transporte desde seu primeiro mandato na Câmara, em 1997.
Foto: Câmara de Londrina |
Jamil Janene: vereador foi acusado por Bonilha. |
Bonilha também teria denunciado compra de votos nas eleições para a presidência da Casa. Mais uma vez, o ex-vereador confessou envolvimento, dizendo ter recebido, R$ 50 mil para votar em Sidney de Souza (PTB), atual presidente da casa.
No depoimento de terça-feira, Bonilha disse que outros 12 vereadores participavam do esquema: Sidney de Souza, Flávio Vedoato (PSC), Gláudio Renato de Lima (PT), Henrique Barros (ex-PMDB), Jamil Janene (PMDB), Lourival Germano (PT), Renato Araújo (PP), Osvaldo Bergamin (ex-PMDB), Luiz Carlos Tamarozzi (PTB), Marcelo Belinati (PP), Sandra Graça (PP) e Pastor Renato Lemes (PRB).
Ele isentou apenas cinco vereadores do esquema: Tercílilo Turini (PPS), Roberto Kanashiro (PSDB), Roberto Fu (PDT), Maria Ângela Santini (PT) e Paulo Arildo (PSDB), sendo que, segundo Bonilha, apenas três deles nunca teriam recebido qualquer ?ajuda?. ?Hoje (ontem) ele revelou que Maria Ângela e Roberto Fu já teriam recebido algo por fora, mas não no mesmo esquema?, disse o advogado de Bonilha, Ronaldo Neves.
Neves disse que o ex-vereador apontou ontem aos promotores do Ministério Público como seria a participação de cada vereador na aprovação de projetos ?encomendados?. ?Ele passou a limpo como funcionava o esquema de propina e de compra de votos nesses 12 anos que esteve na Câmara. Até eu fiquei espantado com o volume das informações?, disse.
Ronaldo Neves avisou que vai protocolar hoje pedido de relaxamento de prisão do político por ser réu colaborador e por ter apresentado-se espontaneamente. Ele espera que seu cliente não fique preso até a data marcada para sua audiência judicial, 26 de junho.
Presidente do Conselho de Ética da Câmara de Londrina e um dos três vereadores ?poupados? por Bonilha, Roberto Kanashiro disse que a Comissão ainda vai aguardar pelo desdobramento das investigações por parte do Ministério Público.
?Estamos muito tristes com a citação de dois terços da Câmara, mas nada foi provado ainda. Cabe a ele (Bonilha) apresentar os fatos?, disse. Kanashiro classificou o escândalo como a maior crise institucional da Câmara de Londrina e previu que o caso pode ter conseqüências, até, para os vereadores que não se envolveram no esquema.
?O caso coloca em xeque todo o legislativo. Com as eleições em outubro, teremos 300 candidatos atacando a imagem da Câmara. Não há como evitar uma generalização?, lamentou.