Com previsão de alta do Hospital Albert Einstein nesta quarta-feira, 13, o presidente Jair Bolsonaro ainda precisará dedicar dias para cuidados especiais em seu processo de recuperação da cirurgia para retirada da bolsa de colostomia. De acordo com a equipe do presidente, ele deverá ficar alguns dias no Palácio da Alvorada para só depois voltar a despachar do Planalto.
“Ele voltará em um ritmo tranquilo, moderado”, afirmou na terça-feira, 12, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros.
A reportagem conversou com o Dr. Ricardo Portieri, especialista em cirurgias do aparelho digestivo, que apresentou o que costuma ser indicado para pacientes com quadro similar ao do presidente. Na avaliação do médico, viagens longas devem ser evitadas e pelo menos mais uma semana de repouso em casa seria o ideal para Bolsonaro.
“Como qualquer paciente em pós-operatório nesses casos, Bolsonaro precisará ter uma dieta leve. Alimentos pesados, como feijão, ou gordurosos, como frituras, embutidos não são indicados. A dieta do presidente deve ser aquela da canja: arroz, legumes, frango, peixe, gelatina e frutas leves. Ele também precisará ingerir bastante líquido”, afirmou o médico.
Funcionamento do intestino
“Bolsonaro passou por um processo de reconstrução do trânsito intestinal e teve complicações, o que faz o caso dele ser diferente de um paciente comum. O intestino de Bolsonaro funcionará com um pedaço a menos. Talvez ele tenha quadros de diarreia, fezes pastosas e cólicas. Mas isso não pode ser contínuo. Se for, é necessário verificar. Assim como seria necessário voltar ao hospital também em caso de vômito e fortes dores abdominais.”
Questionado sobre os compromissos oficiais do presidente, Portieri disse: “ele deveria ficar pelo menos mais uma semana em casa, em repouso. Ele teve muitas complicações, entre elas uma pneumonia. (…) Pode andar, falar, despachar de casa.”
Viagens
“Apesar dos aviões serem pressurizados, Bolsonaro passou por sete horas anestesiado (durante a cirurgia) e ficou entubado. Então, viagens longas são contraindicadas por até 30 dias neste período pós-operatório. Isto porque numa viagem longa, o paciente fica muito tempo parado e isso faz com que as chances de uma trombose ou de uma hipotensão sejam maiores.”
Aderências
“O fantasma da vida dele no futuro serão as possíveis aderências intestinais, ainda mais depois de três cirurgias. É muito raro no pós-operatório, mas pode acontecer no futuro e isso pode levar até à obstrução intestinal. Um dos cuidados que ele deve ter, como qualquer paciente neste caso, são com essas aderências ao longo do tempo. Geralmente, o tratamento é clínico, mas pode ser necessário uma nova cirurgia”, finalizou o médico.