Desde que começou a construir seu projeto de presidência, o presidente Jair Bolsonaro tem tido dificuldade de encontrar um partido “para chamar de seu”, que seja realmente sua “casa ideológica”. Depois de tretar com alguns partidos durante a pré-campanha, como PSC e Patriotas, encontrou no PSL a plataforma ideal (para aquele momento) e se abraçou na turma de Luciano Bivar, presidente do partido.
Uma declaração do presidente a apoiadores nesta terça-feira pode ter dado início ao fim da parceria.
Na saída do Palácio da Alvorada, como faz periodicamente, Bolsonaro tirou fotos e interagiu com alguns fãs. Um deles, que se apresentou pré-candidato do PSL à Prefeitura do Recife e logo foi interrompido pelo presidente, que cochichou em seu ouvido: “Esquece o PSL”. Mesmo assim o homem fez um video dizendo: “”Eu, Bolsonaro e Bivar juntos por um novo Recife”. O presidente disparou em seguida: “Ó cara, não divulga isso, não. O cara Bivar está queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido”, recomendou.
O caso gerou um baita desconforto interno no partido, que já vive dias turbulentos, com rachas em votações e apoios a projetos importantes para o presidente. Apesar de Bivar declarar que não entende os motivos que levaram Bolsonaro a falar o que falou (como muitos não entendem porque Bolsonaro fala as coisas que ele fala), a situação escancarou o clima interno vivido no partido.
O novo partido
Nesta quarta-feira o jornal O Globo trouxe a informação de que o estatuto de um novo partido está em fase final de redação pelo filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, e aliados. Poderia ser chamar PFB (Partido da Família Bolsonaro), mas a nova legenda deve se chamar “Conservadores”, que teria princípios a “moralidade cristã, a vida a partir da concepção, a liberdade e a propriedade privada”. As bandeiras seriam o “direito à legítima defesa individual, o combate à sexualização precoce e à apologia da ideologia de gênero”.
Se não vingar, a família Bolsonaro tem sido procurada por outras legendas. Uma delas é a UDN, novo partido que está em fase final de criação e seria uma reedição da antiga União Democrática Nacional, criado na década de 40 e que era opositora a Getúlio Vargas.