O presidente Jair Bolsonaro realizou nesta quinta-feira (12) sua live semanal nas redes sociais de máscara, disse que ainda aguarda o resultado do teste para o novo coronavírus e desestimulou os atos pró-governo e com ataques ao Congresso previstos para domingo (15).
Diante da crise com a doença, ele pediu a seus apoiadores que não compareçam às manifestações de rua. Segundo ele, “uma das ideias é adiar, suspender”. “Daqui a um mês, dois meses, se faz. Foi dado um tremendo recado ao Parlamento”, disse.
O apelo do presidente, feito durante a transmissão ao vivo em redes sociais, deve ser repetido em pronunciamento na noite desta quinta-feira (12) em rede nacional de rádio e TV. “Tem um aspecto que precisa ser levado em conta. Existe [a manifestação], é mais um agrupamento de pessoas. Então a população está um tanto quanto dividida”, disse Bolsonaro.
+ E o coronavírus por aqui? Curitiba lança telefone do coronavírus pra não lotar hospitais sem necessidade
“O que devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas [pelo coronavírus], porque os hospitais não dariam vazão a atender tanta gente. Se o governo não tomar nenhuma providência, sobe e, depois de um certo limite, o sistema não suporta”, acrescentou.
“Como presidente da República, eu tenho que tomar uma posição, contra ou a favor. Se bem que o movimento não é meu, é espontâneo e popular.”
O presidente comandou sua tradicional live nas redes ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que também usou máscaras.
O protesto está previsto desde o fim de janeiro, mas mudou de pauta e foi insuflado após o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, ter chamado o Congresso de chantagista na disputa entre Executivo e Legislativo pelo controle do orçamento deste ano.
Dias depois, Bolsonaro compartilhou em um grupo de aliados um vídeo que convocava a população a ir às ruas para defendê-lo. Na semana seguinte, em discurso, chamou a população a participar do ato, o que mais uma vez irritou as cúpulas do Congresso e do Supremo.
Além de apoiar o presidente, os organizadores da manifestação carregam bandeiras contra o Legislativo e o Judiciário e a favor das Forças Armadas. Nas redes sociais, usuários compartilharam convocações com mensagens autoritárias, pedindo, por exemplo, intervenção militar.
+ Leia mais: “Não é pra ter pânico”, diz secretário de Saúde após confirmação do coronavírus no PR
Ao longo do dia, Bolsonaro consultou aliados sobre a hipótese de desestimular publicamente a presença de apoiadores no ato. Segundo interlocutores do presidente, o empresário Luciano Hang foi um dos que o aconselharam a desencorajar a participação dos simpatizantes.
Entre os argumentos apresentados a Bolsonaro estava o risco de o medo do coronavírus inibir a mobilização a favor do governo. Nas conversas, o presidente citou a ameaça de aparição de black blocs, usando como exemplo o fato de o governador do Distrito Federal, por exemplo, ter informado que não enviaria policiais para a proteção do ato em Brasília.
Suspeita
O presidente realizou exames nesta quinta, depois da confirmação de que o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência), Fabio Wajngarten, está com a covid-19. O chefe da Secom fez parte da comitiva liderada por Bolsonaro que, entre 7 e 10 de março, realizou uma visita oficial à Flórida (EUA).
Durante a viagem, o mandatário brasileiro jantou com o presidente americano, Donald Trump. Wajngarten também teve contato e posou para fotos com o líder dos EUA.
Além de Bolsonaro e do secretário especial de Comunicação, outros integrantes da comitiva também estão seguindo protocolos médicos e realizando exames para verificar se têm o novo coronavírus. É o caso de um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (sem partido-SP), e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que fizeram testes clínicos.
+ Veja também: Arcebispo de Curitiba pede ainda mais cuidados nas missas por conta do coronavírus
Bolsonaro disse na transmissão que o resultado de um dos integrantes da comitiva já é conhecido e que o teste deu negativo. Interlocutores disseram à reportagem que se trata do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia).
A suspeita de que Wajngarten estava com a doença foi revelada pela coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Mudança de rotina
Com o risco de contágio, a rotina administrativa do Palácio do Planalto será alterada. Além de implantar maior restrição ao acesso de pessoas, eventos e solenidades devem ser suspensos e o cumprimento diário do presidente na entrada do Palácio da Alvorada deve ser modificado.
Bolsonaro foi aconselhado pela equipe médica a evitar a interação diária com apoiadores na entrada da residência oficial. Desde meados do ano passado, ele costuma descer do comboio presidencial para saudar seus simpatizantes, além de apertar mãos e tirar fotos.
A orientação é para que, nas próximas semanas, Bolsonaro se limite a acenar e a conversar com o público a uma distância segura. A recomendação é para que ele também evite viagens pelo país para participar de inaugurações ou anúncios.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou nesta quarta que existe uma pandemia de coronavírus.
As primeiras modificações na rotina do presidente já ocorreram. Bolsonaro cancelou uma viagem a Mossoró (RN) prevista para esta quinta.
Segundo relataram interlocutores à reportagem, foi-lhe dito que tanto o deslocamento em aeronave quanto a participação em evento -em um ambiente com aglomeração- seriam problemáticos no cenário de avanço da doença.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, há no Brasil 77 casos confirmados de coronavírus.
Como prevenir a contaminação por coronavírus
- Lavar as mãos com frequência/ ou utilizar álcool 70%, principalmente antes de consumir algum alimento;
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- Manter ambientes bem ventilados, evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
- Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações;
- Pessoas com sintomas de infecção respiratória aguda devem praticar etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar, preferencialmente com lenços descartáveis, e depois lavar as mãos).
Baixe o guia de prevenção para compartilhar!
Imprima esse guia em PDF com informações sobre a prevenção do Coronavírus e outras doenças respiratórias virais: